Senti de manhã uma estranha relutância em sair da cama. O que me deixou preocupado, pois ergo-me sempre com os pardais. E tinha razão.
Abro o correio electrónico e logo deparo com uma msg de um amigo a invectivar-me por não escrever na Rua Direita, que estava “um lambão feito” e se achava que tinha “o direito de ir de férias”…
Respondi-lhe com a amizade de muitos anos e acrescentei que sim, que de facto, ao fim de 4 ininterruptos anos a escrever diariamente “resmas” de textos, estava a ficar um lambão de primeira e rematei que não, que não tinha ido de férias, apenas me deslocara para lá do Marão a passar um dia inteirinho com a “sobrinhada”, numa daquelas jornadas cheios de afectos egoístas, comida à portuguesa e umas valentes mocas de sueca, com “macetes”, “arrenúncias” e demais batotas competentes.
De seguida, ao pôr a bateria de uma reflex à carga e ao tirar o cartão, dei conta que a mola de preensão estava pasmada. Uma irritação. A minha máquina fotográfica preferida, com menos de um ano e bem “carinha”, graças ao Altíssimo. Amanhã, reclamar dentro da garantia e ficar privado do aparelho para aí um mês. O que vale, há para aí outra…
Para acabar a manhã, fui ao “super” fazer as compras da semana. Aproveitei para perder o telemóvel… Já corri tudo e nada. Nem sei se estou triste ou contente. Há anos que ando a esforçar-me para o perder definitivamente… Agora, com a canhota faço figas para que não apareça, com a direita faço-as para aparecer. Por isso, caros amigos, não telefonem porque…
Mas chato mesmo é um fabiano decidir passar o dia em casa e o tempo estar tão farrusco que nem dá para um banhinho de sol.
E pronto, lá consegui escrever um texto para a Rua Direita, de carpição, eu sei, mas pelo menos não é de “maledicência”, como escrevem os meus “amigos masoquistas” que me lêem fielmente, apesar de me detestarem, e apenas para dizer mal dos meus escritos.
E para remate, valha-nos o Senhor da Aflição e mais Santa Bárbara, porque vem aí trovoada da grossa.