Obstetrícia nos Hospitais e pedofilia na Igreja

A Igreja, composta por muitos milhares de sacerdotes dignos e merecedores de todo o nosso respeito, não merece ser tão declaradamente posta em causa por um punhado de perversos e pérfidos “tarados”.

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  • 9:59 | Sexta-feira, 05 de Agosto de 2022
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A obstetrícia e a pedofilia apenas têm em comum as crianças. A obstetrícia que os deveria ajudar a nascer, a pedofilia que delas abusa.

Estranhas as dimensões dos recorrentes casos das urgências de obstetrícia encerradas aos fins de semana. Esta especialidade, pelos vistos, aparenta ter mais força e impacto do que qualquer sindicato de médicos.

Se há falta de médicos, porque não rever o numerus clausus de acesso às universidades? A Ordem parece não estar interessada, a classe, em si, parece não estar interessada. O responsável deste sector referia há dias não haver condições para a formação hospitalar dos futuros médicos e mais dizia não haver professores-médicos para o efeito.


Se uma licenciatura em medicina custa ao Estado português 100 mil euros, em média, uma medida possível poderia ser instituir a obrigatoriedade de permanência no SNS por um período mínimo. De 10 anos? Evitar-se-ia a debandada para outros países que, sem custos, os recebem de braços abertos?

Mas, na ampla panóplia de especialidades, aquela que está na “berra” é a de obstetrícia. Será que a diminuição de especialistas foi assim tão acentuada? Mas ao que se sabe, até aumentou o seu número… Será que quem de direito não consegue prever atempadamente as baixas destes especialistas, por motivos de saúde? Nem as faltas, nomeadamente aos fins de semana?

Não poderia o governo entrever a hipótese de importar especialistas desta área, por exemplo de Espanha e de Cuba, etc.?

Será que as grávidas em Portugal – país com uma acentuada quebra de natalidade com todas as repercussões demográficas daí decorrentes – merecem esta incerteza, esta recorrente falibilidade, este crescendo de fragilidades, este quase jogo “sindical”?

Afinal, de todo este imbróglio parece emergir uma eventual questão salarial e, provavelmente, uma contestação de classe.

Por um punhado deles, merece a classe médica, durante a pandemia justamente entrevista como constituída por profissionais-heróis, passar agora a ser vista como uma classe apenas preocupada e motivada com os seus proventos materiais?

Felizmente que meia dúzia de árvores não faz a floresta, mas, pelos vistos e ecoado diariamente numa CS falha de conteúdos, em silly season, o SNS está a ser fortemente abalado por um punhado de especialistas por motivos que deveriam ser liminarmente apurados.

Não há uma IGAS, Inspeção Geral das Atividades em Saúde?

 

Hoje, o seminário Expresso revela mais 12 casos de pedofilia ocorridos na Igreja portuguesa. Os bispos da Guarda e de Setúbal, em concreto, tendo dos factos conhecimento, apenas terão mudados os sacerdotes envolvidos de paróquia para paróquia, permitindo-lhes dar continuidade aos seus “desvios” e taras.

Um dos adolescentes, depois de confessar aos pais ter sido abusado por um padre, ter-se-á suicidado. Outros carregarão para toda a vida o desmesurado peso do ignóbil acto de que foram vítimas.

Mas, ao que parece o MP também terá recebido denúncias de alguns casos. Tê-los-á arquivado…

A Igreja, composta por muitos milhares de sacerdotes dignos e merecedores de todo o nosso respeito, não merece ser tão declaradamente posta em causa por um punhado de perversos e pérfidos “tarados”.

 

Se a estes escândalos cada vez mais recorrentes, se juntarem casos como os ocorridos no Canadá de tentativa e prática consumada de genocídio de crianças índias postas à guarda da Igreja, o pontificado do Papa Francisco – um Homem bom – debater-se-á, até ao fim, com constantes pedidos de perdão ao mundo pelos crimes praticados e ocultados no seio daquela que deveria ser a mais impoluta das instituições.

Mas será que o pedido de perdão sanará todos os crimes cometidos?

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