“A mentira nunca é inocente” Albert Camus, “Calígula”
O dia de ontem assemelhou-se ao 1º de Abril, Dia das Mentiras. Mas, em boa verdade, mal se reparou, pois hoje a verdade atravessa uma imensa crise de desvalorização da sua essência, sendo até frequentemente superada pela mentira, na sua validação global.
Actualmente, as mentiras, as “fake news”, em contexto político não passam de “manipulações informacionais” tão vulgarizadas que se tornaram pelo excesso de uso e pela projecção mediática de quem as profere, plenamente justificadas. Ademais, eficazes. Veja-se o caso do Brexit, tenha-se em consideração a eleição de Trump… Mas, se recuarmos um pouco e sem sermos exaustivos, Staline, no seu afã de reescrever a História a seu gosto e contento não mandava refazer documentos, apagando-lhes a verdade e não mandava falsificar fotografias eliminando todos aqueles que nelas constavam e que, por um motivo ou por outro, haviam caído em desgraça?
Por detrás de um mentiroso compulsivo poderá estar um mitómano. O que é a mitomania? A mitomania é uma doença do foro psiquiátrico e o mitómano é alguém com uma tendência compulsiva a contar “patranhas” e a inventar histórias. Mas não o confundamos com aqueles para quem a mentira é intencionalmente usada, de forma perversa, para atingir um determinado e vil fim ou objectivo. Nalguns políticos, contudo, o uso recorrente da mentira pode tornar-se um contínuo delírio quando, eles próprios, pela sua eficácia, começam a acreditar piamente nela, num afastamento cada vez maior da realidade factual que lhes é adversa.
Se a mentira tem perna curta e, a médio prazo, é denunciada ou esclarecida, facto será que entretanto, nesta era do efémero, do instantâneo, do acriticismo e da “amnésia”, quando a verdade vem ao de cima já os objectivos do mentiroso foram plenamente atingidos.