A Justiça portuguesa, aquela que julga condena e absolve quantos lhes passam pelas mãos, viu-se agora enrodilhada num caso de prestação de invocadas “falsas declarações” sobre o CV do procurador José Guerra, o seleccionado para o cargo de Procurador Europeu.
A ministra Francisca Van Dunem – em primeira e derradeira instância a responsável pelo que se passa no ministério da Justiça que tutela – não foi clara nas explicações que deu sobre o assunto, remetendo para uma direcção geral as três alegadas falsas declarações para valorização do perfil do candidato inicialmente preterido.
Ou seja, quase parece que houve necessidade de vitaminar o percurso profissional de José Guerra, classificado em 2º lugar, para ele se poder opor à 1ª classificada na escolha do Comité de Selecção Internacional, Ana Mendes Almeida.
Perante os factos e as vozes que acusam o Governo de ter prestado “falsas declarações”, a ministra veio culpar a Direcção-Geral da Política da Justiça. Que diz a isso o seu director-geral Miguel Romão?
O próprio candidato, o procurador José Guerra, não terá dado conta das “imprecisões” constantes nos documentos sustentatórios da sua candidatura?
Há pouco saído do “caso de Tancos”, a braços com o “caso SEF”, o governo vê-se com o “caso Guerra” em mãos.
Provavelmente andarão alguns ministros um pouco “desafinados” ou desarticulados das realidades que decorrem nos seus ministérios.
Num estado de direito, se tivermos dúvidas sobre aqueles que consubstanciam o seu magno pilar, a Justiça, a democracia vigente é posta em causa, se não deitada por terra.
É caso para dizer que o ministério da Justiça prestou um mau serviço ao Governo, ou terá, afinal, sido o contrário?