O milagre económico aumenta para 2 milhões o número de pobres
Segundo o INE há 18,7% da população em risco de pobreza, ou seja, 1.961.122 portugueses.
A “nossa” Dona Maria, à semelhança da presidente da Assembleia da República com os seus “inconseguimentos”, torna-se todos os dias um bocadinho mais esotérica. Talvez por causa dessa mística ciência, afirma que “a dívida portuguesa não aumentou, apareceu”.
Com toda a ginástica retórica que este governo tem desenvolvido com grande imaginação, a Dona Maria deveria ter dito que a dívida aumentou 80 mil milhões nos últimos cinco anos, atingindo já 128% do PIB, ou seja 225 milhões de euros. Daí, talvez, uma dívida que “aparece” todos os dias com uma maior dimensão… sem “aumentar”.
Pirueta semântica de fino recorte e do mais belo efeito. Fica bem num retrato de parede.
A Dona Maria terá rede neste trapézio em que se balouça. Os portugueses, cada vez mais distantes do real, quando despertarem de sua letargia, serão esmagados contra o cimento do chão na brutalidade da queda sem “almofadas financeiras” ou outras que os protejam.
Entretanto, a dar rosto a este milagre económico, dados do INE, dizem-nos que 120 mil crianças teriam passado fome em Portugal se não tivessem recorrido ao Banco Alimentar; que existem aproximadamente 2 milhões de portugueses em risco de pobreza; que “não param de aumentar as pessoas que pedem ajuda. De pessoas que já estavam desempregadas e numa situação má, mas que agora perderam o subsídio de desemprego e passaram a precisar de comida. Se há alguém que tem rendimento no agregado, utiliza-o para pagar dívidas e depois fica sem dinheiro para comer e recorre ao Banco Alimentar”, afirma a sua presidente, Isabel Jonet.
Um relatório datado de 2013, da ONU referia que “28,6% das crianças portuguesas estavam em risco de pobreza”, mas dizia mais “que muitas não tinham acesso aos mínimos da alimentação, educação e protecção social. A situação piorou nos últimos dois anos, já que as crianças são arrastadas pelas famílias quando estas entram numa situação de pobreza, realidade que tem aumentado.”
Como se não bastasse, convém ainda atentar nas palavras de Manuela Ferreira Leite, ex-líder e ex-ministra do PSD, em entrevista ao “Expresso”, onde alerta “o Governo pretende descer a TSU para depois colocar os portugueses perante o facto consumado da insustentabilidade irreversível da Segurança Social”. Pelos vistos mais uma “golpada” desesperada e atrevida para assassinar o nosso já tão sombrio futuro.
Estas artes milagrosas também não aumentam, aparecem, a cada dia que passa…