O machismo turco

Conduzidos à sala de reunião, Ergodan indicou um dos dois sofás colocados lado a lado a Charles Michel e sentou-se no outro, deixando a incrédula Ursula em pé, a olhar para um lado e para o outro, até que se foi sentar num sofá corrido existente na sala, mais afastado das conversações entre os dois homens.

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  • 15:55 | Domingo, 11 de Abril de 2021
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A história conta-se em duas penadas. Ursula Von der Leyen, presidente da Comissão Europeia e Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu, foram em visita à Turquia encontrar-se com o líder Tayyipe Ergodan, homem da extrema-direita e reconhecido sexista, entre outras “virtudes”.

Conduzidos à sala de reunião, Ergodan indicou um dos dois sofás colocados lado a lado a Charles Michel e sentou-se no outro, deixando a incrédula Ursula em pé, a olhar para um lado e para o outro, até que se foi sentar num sofá corrido existente na sala, mais afastado das conversações entre os dois homens.

Da parte de Ergodan, a boçal e propositada descortesia que pressupõe a desvalorização por ele concedida às mulheres, no seu país ainda subordinadas à autocracia machocrática, não é de admirar.
Quanto ao belga e ex-primeiro ministro Charles Michel, foi muito expressiva a ausência de reação assim como o seu silêncio acomodado. Mostrou estar ao nível, em termos de postura, educação, princípios e sexismo do anfitrião, de quem tudo é expectável.

Entretanto, Ursula van der Leyen provou ser de entre os três a única pessoa com “eles no sítio” (desculpem-me a expressão), e com toda a urbanidade sentou-se longe dos “maiorais”.


O senhor Charles Michel, depois do evento veio queixar-se do grande incómodo que a atitude de Ergodan lhe provocou que e até, segundo o próprio, lhe está a causar insónias. Coitadito… é dos que reagem a posteriori, o que mostra bem da qualidade do Presidente Europeu e das pantanas em que a velha Europa anda, com líderes deste quilate…

(Foto DR)

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Publicado em Editorial