Nestes tempos novos ou tão velhos como as 7 pragas bíblicas ou do Apocalipse, todos reaprendemos hábitos há muito perdidos e reinventamos fórmulas esquecidas para viver este inúsito quotidiano.
A pandemia obrigou ao Estado de Emergência. Este, confina-nos a uma certeza de sempre, se bem que varrida das memórias tristes. A da incerteza do futuro e da efemeridade do existir.
Sem bem sabermos o dia de amanhã, mal despertados para uma realidade que nos coloca em estado de sítio mental, acalentamos a esperança pródiga de que a nós e aos nossos nada de mal acontecerá. A essa esperança nos agarramos, frágeis iludidos a arredarmos da mente a intrusão da calamidade.
De súbito, somos milhões de ociosos, reclusos na endogenia salvadora, a ver pelo écran, como se fosse uma ficção de Hollywood, os que sofrem e morrem e os que, afanosamente, cuidam e lutam pela vida alheia.
Neste ermitério onde hibernámos, a noite no seu silêncio pesado, traz-nos angústias inquietas. Perdemos a noite a debater o que o dia nos trará. E no dia que já quase chega, numa alvorada cinzenta, receosos pelas matinais notícias do exterior onde a guerra se trava, recorremos a uma aparente fleuma para enfrentar as rotinas feitas de um ócio remansado e reflectimos em como matar o tempo…
Trocadilhos semânticos vãos. O tempo é imortal, invencível e inexorável. E é ele, sem alardes, que levará a todos nós.