Lembro-me de “O Alfaiate do Panamá”, do John Le Carré e das aventuras de Harry Pendel, Andrew Osnard e outros, na época em os EUA tinham tomado o Canal do Panamá, numa estranha e ingerente jogada da habitual suja política, em Dezembro de 1999.
De há uns dias a esta parte, um “empata” de quase meio quilómetro de comprimento, carregado de milhares de contentores, esbarrou nas duas paredes e atravessou-se bloqueando a passagem de um canal artificialmente criado, com 77 quilómetros de extensão.
Incapazes de e para já darem resposta ao “acidente”, dos dois lados têm-se acumulado centenas de embarcações, ali apanhadas imprevistamente de surpresa.
Em alguns dos carregadores vivem-se já situações irreversíveis pelos produtos perecíveis que transportavam, alguns com cargas de animais que estão a morrer vítimas do intenso calor suportado.
A questão que se coloca é esta: como é tal acidente possível nos dias que correm, com a tecnologia existente e a capacidade previsional meteorológica ao dispor?
Mesmo nas condições mais adversas, tudo deveria estar salvaguardado para evitar deixar a economia mundial refém da “imprevidente” navegação de um capitão da marinha mercante.
O Compadre Zacarias, alarmista e conspirativo, já adiantou tal ter sido uma manobra política japonesa, nacionalidade do “EverGreeen”, da empresa Shoei Kisen Kaisha. Mas claro, o Compadre Zacarias tem uma visão apocalíptica do mundo, onde tudo se move nas sombrias sendas de estranhíssimas conjuras do iluminado maligno…
(Fotos DR)