Bessa-Luís, A. “Dicionário Imperfeito” – Guimarães Editores.
Idoso, embora haja controvérsias, deriva do Latim aetas, “idade, era, época”… mas para mim, mais simplesmente, à luz do que hoje vemos, o idoso… é aquele que “está ido”
I
Os idosos são as maiores vítimas da pandemia que alastra pelo mundo. Em Portugal, maioritariamente nas IPSS’s financiadas pela Segurança Social, de norte a sul do país, a dizimação é devastadora.
Não sei porquê, mas talvez esperasse destas instituições uma maior preparação para as mais diversas contingências, incluindo planos internos para esse efeito, supervisionados e analisados em inspeções regulares dos técnicos da tutela. Inspecções que, naturalmente, terão sido levadas a cabo com a maior frequência e rigor.
II
Donald Trump, no seu “style Capitão América de plástico” demitiu em conferência de imprensa a sub-directora geral de Saúde que teve a hombridade de denunciar falta de condições no sector. Fê-lo de forma humilhante e achincalhadora. Como é aliás de seu timbre e tom.
Donald Trump demitiu o inspector-geral dos serviços americanos de inteligência (?) por ter recebido e encaminhado a denúncia que deu azo ao “impeachment”. Michael Atkinson, de seu nome, por ter cumprido o seu dever.
Donald Trump vai reduzir drasticamente a contribuição norte-americana à OMS (Organização Mundial de Saúde) por achar que é cúmplice da China no concernente ao Covid-19.
Nesta altura do surto, com eleições no horizonte, a chantagem tende a descupabilizá-lo perante a opinião pública da forma leviana, insensata e perigosa (são aos milhares as vítimas mortais) com que enfrentou o Coronavírus.
Na pátria da democracia (lol) estas tartufices são agora prática comum. A mensagem é simples: quem me afrontar vai à vidinha. A verdade é só uma, a minha e mais nenhuma, parece ser o seu slogan. Age como um bufão.
III
A reunião do Eurogrupo está num lastimável impasse.
Mário Centeno, o seu presidente, bem se tem empenhado em encontrar consensos e soluções. Ele que apresentou três linhas directrizes para aprovação imediata (fonte Lusa):
“Em primeiro lugar, uma rede de segurança para os trabalhadores. A Comissão propôs um programa de 100 mil milhões de euros para financiar regimes de proteção de emprego;
Em segundo lugar, uma rede de segurança para as empresas. O Banco Europeu de Investimento propôs uma garantia de 200 mil milhões de euros para apoiar as empresas em dificuldades, especialmente as pequenas e médias empresas;
Criação de uma rede de segurança para os países. Centeno referiu-se ao papel do fundo de resgate permanente da zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE ou ESM na sigla em inglês), que propôs linhas de crédito cautelares até 240 mil milhões de euros [2% do PIB de cada país do euro], para assegurar que todos têm os recursos adequados para responder”.
Pelos vistos e até agora foi em vão, por falta de consenso inter-pares.
Quando sair fumo branco da reunião dos ministros das finanças europeus estará a pandemia debelada, haverá provavelmente mais 50 mil mortos e 5 milhões de desempregados.
De seguida, fecha-se a porta e voltamos todos aos nacionalismos d’ antanho, ficando para memória futura “un petit comitė” composto pela Alemanha, Áustria, Finlândia e Holanda, que se designará por “Europa dos 4” ou, se este nome já estiver registado, um outro do género “das vierte reich”.