O povo é sábio quando afirma “Cada cavadela sua minhoca”. No caso do ex-secretário de Estado e ex-presidente da Câmara Municipal de Caminha, o provérbio parece assentar a preceito.
Depois da semana de todos os desastres protagonizada por Miguel Alves, faltava o empresário Ricardo Moutinho, com quem o negócio do CET de Caminha foi feito, vir a terreiro, exuberante, cavalgar a onda mediática para, num assinalável e eloquente despudor, dizer aos portugueses quem é.
Criador compulsivo de empresas, às centenas, com ou sem actividade, sedeadas aquém e além, concorreu com a empresa Green Endogenous à construção do Centro de Exposições Transfronteiriço de Caminha. A obra pela qual recebeu a título imediato, de sinal, 300 mil euros.
Como é que este criador de centenas de empresas, para poder contornar o fisco (confessa), algumas com sedes inventadas (até no Dubai), ostentando um falso doutoramento, admitindo ter criado a Green Endogenous especificamente com o fim de “… apresentar este modelo empresarial às autarquias”, tem aceitação imediata e não adequadamente escrutinada num negócio com dinheiros públicos, no montante de milhões de euros?
Como é possível tal cenário? Quantas situações análogas existirão por esse país fora?
Deveremos acreditar na “ingenuidade” dos decisores públicos? Ou será apenas um mero e pontual caso de ligeireza processual?
E referentemente ao “empresário phd”, Ricardo Moutinho que lhe irá acontecer? Perante a inconclusão da obra vai devolver o sinal acrescido das legais penalizações? Vai ver-se a braços com o fisco? Vai pagar pelas falsas declarações?
Insondáveis mistérios, estes…
(Foto de capa Ana Baião – Expresso – DR)