O 4º pastorinho de Fátima

Entretanto, foi com muita e profunda emoção que vimos pela televisão, no jantar de apoio ao líder do Chega, ontem em Viseu, uma quantidade apreciável de ilustres militantes do CDS-PP, alguns até com responsabilidades políticas.

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  • 18:10 | Sábado, 16 de Janeiro de 2021
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O líder do Chega, em transe místico, atrás de um azinheira, no chão prostrado, sentiu-se O Escolhido.

“A 13 de Maio de 1917 Portugal mudou para sempre. Fomos escolhidos! Também eu senti esta mudança profunda num 13 de Maio da minha vida. Hoje sinto, sei, que de alguma forma a minha missão política está profundamente ligada a Fátima. É este, talvez, o meu grande segredo.”

Esta é uma das plurais mensagens com o que o líder do Chega enxameias as redes sociais


Estranha-se mesmo (ou talvez não) o alheamento da Igreja católica portuguesa perante esta utilização desavergonhada e para fins eleitorais dos seus símbolos maiores.

“Sinto que Deus me concedeu esta missão” é outra das frases-chave do candidato a presidente pelo Chega.

Uma asserção deste teor, pela plenitude do seu absurdo, fará rir alguns e a outros, pios e acéfalos, transmitirá profunda emoção. É o Messias, o Sebastião, o Encoberto a chegar. É a epifania da mensagem divina. O Salvador. O Escohido. Deus mandou-o a Portugal combater o socialismo e pôr Costa na rua…

É conhecido o apoio das seitas evangélicas que, aqui tal como no Brasil de Bolsonaro, decidiram apostar num indivíduo que lhes trará o Maná ( ou melhor, mais Maná…). Mas a Igreja Católica?

Aparecem agora nas redes sociais duas mensagens, uma do Cardeal António Marto outra do Cardeal Tolentino de Mendonça. Ambos são homens esclarecidos. Todavia, num mundo onde a mentira se impõe, temos dúvidas da coragem dos citados em assumir uma posição de inequívoca e clara condenação deste uso abusivo de valores cristãos. Por isso e até confirmação, podem ser montagens e “fake news”.

Entretanto, foi com muita e profunda emoção que vimos pela televisão, no jantar de apoio ao líder do Chega, ontem em Viseu, uma quantidade apreciável de ilustres militantes do CDS-PP, alguns até com responsabilidades políticas.

Penificando numa total orfandade, eis que se lhes terá feito luz (divina?) e acharam, enfim, um partido político mais consentâneo com os seus ideais ultra-cristãos que, e até aqui, não tinham vislumbrado no espectro político nacional.

Há males que vêm por bem. A extinção local do partido da democracia cristã deu-lhes o milagre, o ensejo e a oportunidade de, finalmente, abraçarem o reacionarismo que há muito escondiam, agora só tapado com as máscaras do outro vírus.

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