Salvo raríssimas exceções ninguém é sem-abrigo por vontade própria.
Não colhe aqui e agora analisar as causas que originam este efeito. Decerto que as situações novas acrescentadas e avivadas pela pandemia aumentaram o seu número.
Um município com a grandeza do de Lisboa, o maior de Portugal, decerto os tem contabilizados e monitorizado. Os números de 2019 (antes da Covid19) referenciavam cerca de 2 mil pessoas estando em situação de sem-casa e 400 pessoas sem-tecto.
Sabe-se que havia um plano até 2013 para tentar resolver as mais calamitosas das ocorrências analisadas. Sabe-se que havia uma verba de 4 milhões de euros para combater esta duríssima e indigna realidade. Sabe-se que havia pelo menos cinco equipas técnicas de rua no combate e ajuda a este flagelo. Sabe-se que existiam quatro centros de acolhimento de emergência. Sabe-se que Carlos Moedas, a pretexto de não terem a suficiente dignidade para acolher os sem abrigo os pretende encerrar, tais como a Pousada da Juventude, em Moscavide, a Casa dos Direitos Sociais, em Marvila e os centros de alojamento de emergência municipal. O presidente da autarquia garante que apesar de serem desactivados, as pessoas que neles estavam instaladas estão a ser acompanhadas e reencaminhadas. Mas defende mais, a ideia de activar “um modelo mais nórdico”, decerto fantástico, mas sobre o qual não nos pronunciamos por não sabermos em que consiste.
Talvez seja aquele que um seminário agora destaca como, segundo o autarca neo-liberal, o de os sem-abrigo virem a pagar uma taxa por noite de 5,99 €, mais ou menos 180 € por mês para poderem pernoitar. Ou seja, uma espécie de hostal social com a tal invocada “dignidade”.
Mas… onde vão eles buscar essa quantia?
(Foro DR)
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