Almeida Henriques, o “nosso” viseense autarca, anda muito nervoso/agressivo.
O que não condiz com a sua aparente personalidade tão cristã e tão dada a “almoçar com bispos, merendar com cónegos e cear com cardeais”.
Essa agressividade é particularmente notória nas Assembleias Municipais onde não se coíbe de chamar de mentirosa uma deputada que o confronta com a situação dos funcionários precários da Câmara a que preside, de apodar de arruaceiros quem o contesta e de não dar resposta a quem o interpela.
No último caso, tendo Ribeiro de Carvalho, um dos mais prestigiados advogados da cidade e deputado eleito pelo PS, questionado o autarca sobre os montantes gastos em publicidade – que ninguém vislumbra nas contas blindadas do secretário da edilidade – a resposta foi um confrangedor e arrogante silêncio.
Se é voz do povo o aforismo “quem não deve não teme”, Almeida Henriques, ao remeter-se ao silêncio e ao deixar sem resposta um membro eleito daquela AM, mostra que teme e mostra mais: que não tem nenhum respeito por quem o confronta com questões incómodas e que a boa gestão dos dinheiros públicos parece ser um segredo dos deuses…
A transparência e as regras da democracia exigem outra postura menos sinistramente autocrática.
O blá-blá por todas as trombetas do reino soprado, pago com o dinheiro dos contribuintes, pouco ou muito, não está em causa, deveria fulgir à luz como finíssimo cristal…
Pior ainda quando grande parte da publicidade veiculada é de duvidosa qualidade, patética eficácia e mais de auto-louvação e difusão do briol do que de promoção do concelho de Viseu.
Claro que o próprio dissipa dúvidas sobre “comunicação” da imagem quando afirma à revista “Bica”: “hoje quem não comunica não existe”, naquilo que a RD chamou de “síndroma do holofote falante”. E se comunicar é tornar comum, partilhar, porque é que esta partilha não é mais abrangente, inclusive nos gastos dos dinheiros públicos? Boa questão…
Pouco ou nada neste autarca parece superar o “teste do algodão”. Há sempre uma arreliadora poeira a sujar o verniz, seja dos actos como os atrás enunciados, seja das retóricas equívocas, seja das posturas emergentes, quando é posto perante legítimas dúvidas daqueles que não fazem do “prêt-à-manger” o seu alimento quotidiano, ou da subserviência modo de ser.
Sim, podem ser poucos, mas ainda há quem não sofra de coluna vertebral…
Este desacordo entre o ser e o parecer inquina inequivocamente a imagem de qualquer um, deixando à conjectura campo para congeminar se não será o todo uma hipocrisia pontual, ou se não será a parte um cinismo geral.