A meio da semana fui a xxxxxxxx. À saída do cemitério encontrei a Ti Adozinda (nome fictício). Conheço-o há algumas dezenas de anos. Enviuvou muito cedo e ficou com dois filhos nos braços: o Zé e o Luís.
O primeiro morreu devastado pelo álcool, o segundo, que ainda foi meu aluno, enforcou-se por angústia.
A Ti Lucinda vive só. É “mulher de virtude”, como chamam por lá às dotadas para o sobrenatural. Trata de subir barrigas a grávidas, da espinhela caída, do mau-olhado e do augúrio negocial.
Tinha ido lavar e florir as suas campas.
Uma moira de trabalho e uma bem-quista da desgraça, toda de negro como sempre a vi, tez trigueira, olho claro e sorriso rasgado a mostrar a dentadura nova que a velhice lhe trouxera…
Se me lembro, só vi a dor a dilacerar aquele rosto no velório dos filhos…
A natureza tem destas madres d’espanto e irrefragável força.
Poderoso o abraço que me deu.
Vieram-me as lágrimas aos olhos por este exemplo de Mulher.
E não me envergonhei…
(do meu arquivo)