“Um homem no interior tem de competir com todas as peças do xadrez, com todas as peças do sistema. Mas um homem no exterior pode lidar directamente com o próprio Diabo.”
“Os Luminares“, Eleanor Catton, Bertrand.
Laudas a Miguel Macedo que se demitiu do governo na sequência dos escândalos gerados pela “Operação Labirinto”.
Cremos que esperava um sólido pretexto para sair, urgente e airosamente. Foi-lhe dado de bandeja pela cupidez dos arguidos neste caso de corrupção, peculato, troca de influências e nem sabemos mais quê. Ainda por cima, alguns, seus conhecidos, até amigos e ex-associados.
Macedo, independentemente da sua inocência, estava ferido de morte na sua autoridade e consequentemente muito fragilizado no exercício do seu poder.
Por outro lado, estas “pepitas auríferas” da lavra do engenhoso Portas e em nome da nobre salvação da Pátria, depois de um ministro como Mota Soares — o rapazinho da lambreta — ter despedido/requalificado de uma arrochada quase 700 trabalhadores da SS, depois de um ministro com Pires de Lima, o comediante, ter justificado a venda de 66% da TAP como “um acto de grande coragem” — é sempe preciso muita coragem para alienar o que não é nosso — Paulo Portas, com esta galinha poedeira, abriu senda a um vespeiro de corrupção, na “oportunidade de negócio” mais plastificada, pirosa, nova-rica, duvidosa, branqueadora e questionável dos últimos tempos. Suplantou-se até no negócio profundo e mírifico dos submarinos e pandures.
O que lhe justificará, com mérito, os prováveis 4% a que o CDS se reduzirá em breve…
Quando os fins justificam os meios, o caminho a trilhar torna-se um ínvio ziguezague, cheio de atalhos, esconsas vielas e sombrias esquinas.
Neste tipo de percurso movem-se à vontade meliantes, traficantes, crápulas, corruptos, marginais, malfeitores e delinquentes.
O caso gerado em torno dos vistos gold está ser dilucidado até às últimas consequências. Para já, além da factualidade que levou à actuação de 200 polícias e à detenção para interrogatório de 11 arguidos, há ainda pela frente uma via-sacra juncada de realidades, suposições, conjecturas, presunções e fantasias.
Miguel Macedo entendeu-o e saiu a ser gabado, evitando ser vaiado.