Tem sido um espectáculo lastimável e degradante o proporcionado pelos descendentes do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, em torno do defunto corpo de seu pai.
O cadáver daquele que foi o homem mais poderoso de África, e talvez o mais rico, não tem paz e tem sido alvo de inúmeras controvérsias políticas, tanatológicas e judiciais.
MPLA e UNITA, às portas das eleições em Angola, marcadas para o dia 24 de Agosto, veem-se colateralmente no epicentro mediático deste macabro charivari que fez do finado “Pai da Nação” uma arma de arremesso político e um instrumento de revanchismo dos vingativos cleptocratas usufrutuários das benesses e mordomias do ido regime.
Os ódios vieram ao de cima e explodiram com fragor, alimentados e sustentados pelos milhares de milhões das fortunas acumuladas pelos ora reclamantes.
Aliás, estes descendentes viveram a maior parte das suas vidas como “golden boys and girls”, no Olimpo dos privilegiados, imunes e impunes a quaisquer actos sancionatórios, punitivos ou condenatórios. E muito lhes terá custado a privação deste estatuto…
Com fortunas fabulosas a recato em inacessíveis paraísos fiscais, perdido o poder, mantêm as riquezas que lhes servem de base para dar continuidade a este macabro folclore.
Com todas as qualidades e defeitos que o antigo líder do MPLA pudesse ter tido, depois de morto deveria ter o inalienável e inultrapassável direito à paz. Mas paz, pelos vistos, é aquilo que muitos não querem dar-lhe…
(Fotos DR)