Em Portugal vem-se jogando um triste ”match” entre serviço público e privado.
Um jogo desleal, pois as regras estão viciadas e os árbitros estão comprados.
O público tem sido alvo de um ataque cerradíssimo por parte do seu legítimo proprietário: o Estado. Ao mesmo tempo, e numa política da mais vil traição, o Estado alinhou a jogar ao lado dos privados…
Aconteceu na Saúde, aconteceu na Segurança Social, aconteceu na Banca, aconteceu nos Transportes Públicos Colectivos, aconteceu na Educação, e etc.
A acção é linear. Primeiro tiram-se toda a espécie de recursos humanos e materiais aos sectores. Depois, sobrecarregam-se os profissionais com funções colaterais desviando-lhes a atenção dos conteúdos primordiais. Em seguida, com a ajuda mestra de alguns órgãos de comunicação social, encarniçadamente aguerridos, diabolizam-se os serviços prestados, na opinião pública. Finalmente, imaculados e níveos, emergem os grupos privados a oferecer atraentes alternativas.
Muito bem. Todos os privados devem fazer o que está ao seu alcance no domínio e excelência das áreas onde actuam. É benéfico e salutar. Também o é a pluralidade alternativa. O poder escolher e ter por onde.
Porém, os privados não deviam mamar no ubero seco do Estado, com tão voraz apetite. Mas a culpa não é deles…
A culpa é do próprio Estado e seus agentes que engendraram todo este maléfico e descabelado esquema de liberalizações para acabar de vez com os serviços públicos, que todos nós pagamos com as nossas contribuições e impostos, pagando, agora e também aos privados que recebem chorudos incentivos e benefícios estatais e ainda vão namorar a carteira recheada da grossa maioria dos seus clientes.
Como é o caso dos colégios privados, a receberem as propinas e a mamarem dos contribuintes o que eles, exangues, já não têm para dar…
O sector privado da Educação tem hoje mais um bónus de 140 milhões para receber e enfrentar o próximo ano lectivo, alguns de entre eles ainda estando sob investigação por suspeita de ilícitos criminais vários.
O sector público da Educação contrai, o privado expande e cresce. São 1.731 as turmas no particular a serem apoiadas com 80.500 euros/ano/turma.
Ou seja, aquele pai que traz os filhos na pública, cheio de sacrifícios, paga de seu bolso o ensino dos filhos do vizinho, que decidiu optar pelo colégio privado. Há aqui algo de perniciosamente maléfico…
São 140 milhões de euros despejados em “contratos de associação”, para dar às famílias a “liberdade de escolha”.
São professores do ensino público no desemprego.
São escolas a fechar às dezenas e colégios a abrir em igual número.
É chorudo, o negócio.
O Estado é um pai abjecto, prostituído, a vender seus filhos por 30 dinheiros, negócio no qual vai gastar mais 15 milhões do que gastaria em turmas criadas na escola pública. Além dos docentes que empregaria…
De quem é amigo este Estado? De quem são amigos estes governantes?
Para quem trabalham eles, afinal?