Insuficientes, Insuficientes, Insuficientes, Insuficientes…

O justo vai pagar pelo pecador e aqueles que realmente carecem de ser apoiados, na insuficiência dos apoios a receber vão pagar por quantos, sem essa necessidade, se colaram à "carona" do subsídio...

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  • 14:42 | Segunda-feira, 23 de Novembro de 2020
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Este estribilho repete-se a toda a hora nos meios de comunicação social, mormente nas televisões.

Acabo de ouvir um representante de uma associação de patrões dizer que as medidas tomadas pelo governo e para o sector são manifestamente insuficientes.

Também uma associação empresarial as acha insuficientes.


Acham-nas insuficientes os donos de hotéis.

Acham-nas insuficientes os senhorios.

Acham-nas insuficientes os proprietários de restaurantes.

Acham-nas insuficientes os homens dos clubes de futebol.

Acham-nas insuficientes as IPSS’s.

Acham-nas insuficientes as gentes do mundo da cultura e do espectáculo.

Acham-nas insuficientes os representantes dos profissionais de saúde.

Acham-nas insuficientes os profissionais da educação…

Etc.

E terão razão em achá-las insuficientes. No fundo, todos estaremos solidários perante essa aflitiva realidade.

Infelizmente, ao que se sabe e com os gastos inerentes à pandemia em áreas vitais, os milhares de milhões de euros que eventualmente aí virão para salvar a Economia portuguesa — logo, os portugueses em geral — não darão para tanta necessidade.

A Covid 19 não é culpa do governo português, nem do espanhol, nem do francês, nem do italiano, nem do belga, nem do alemão…

Perante o crescimento brutal do surto pandémico, os governos responsáveis tiveram que adoptar medidas duras e rigorosas para obviar ao número de infectados e ao número de vítimas mortais. Decerto não as tomaram por desporto ou porque lhes desse na realíssima gana.

Ao tomá-las, estariam absolutamente conscientes de que em primeiro lugar estava a erradicação da doença e a salvação da vida dos cidadãos. Mas estariam também conscientes dos danos colaterais causados em todos os sectores da actividade pública e produtiva dos seus países. Por isso as draconianas medidas a contragosto tomadas. Enquanto ainda há tempo.

Quanto mais assertivas estas medidas forem mais cedo se obviará ao problema da irradiação da doença e mais cedo todos poderemos voltar ao nosso natural, normal e já saudoso modo de vida pré-2020.

Os cofres dos erários públicos têm fundo. Os empréstimos pedidos têm que se pagar. Muitos portugueses viram-se de repente numa situação de desgraça. Outros, aproveitaram a boleia e, de mão enclavinhada estendida ao Estado, exigem o seu apoio. Dará esse apoio para 10 milhões de portugueses? Ou serão 7, 8 ou 9 milhões de portugueses a pagar um apoio que nunca receberão, nomeadamente na melhoria dos cuidados de Saúde, da prestação da Justiça, da Educação…?

Todas as políticas liberais em defesa do menos Estado e mais privado, reclamam hoje mais Estado. E acham insuficiente, insuficiente, insuficiente o que o Estado vai distribuindo.

Há pequenos empresários que investiram todos os seus bens nas suas empresas, sejam elas da restauração, sejam da cultura, sejam da agricultura… empenharam-se na banca. De repente ficaram sem nada. E os outros? Aqueles que há anos estão no mercado, de porta aberta, facturando milhões? Não terão eles fundo de maneio para se aguentarem uns meses?

O patético está nos concessionários privados das auto-estradas que e devido à diminuição do fluxo de trânsito por causa das restrições, querem do “prejuízo” ser ressarcidos pelo Estado…

O justo vai pagar pelo pecador e aqueles que realmente carecem de ser apoiados, na insuficiência dos apoios a receber vão pagar por quantos, sem essa necessidade, se colaram à “carona” do subsídio…

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