Este estribilho repete-se a toda a hora nos meios de comunicação social, mormente nas televisões.
Acabo de ouvir um representante de uma associação de patrões dizer que as medidas tomadas pelo governo e para o sector são manifestamente insuficientes.
Também uma associação empresarial as acha insuficientes.
Acham-nas insuficientes os donos de hotéis.
Acham-nas insuficientes os senhorios.
Acham-nas insuficientes os proprietários de restaurantes.
Acham-nas insuficientes os homens dos clubes de futebol.
Acham-nas insuficientes as IPSS’s.
Acham-nas insuficientes as gentes do mundo da cultura e do espectáculo.
Acham-nas insuficientes os representantes dos profissionais de saúde.
Acham-nas insuficientes os profissionais da educação…
Etc.
E terão razão em achá-las insuficientes. No fundo, todos estaremos solidários perante essa aflitiva realidade.
Infelizmente, ao que se sabe e com os gastos inerentes à pandemia em áreas vitais, os milhares de milhões de euros que eventualmente aí virão para salvar a Economia portuguesa — logo, os portugueses em geral — não darão para tanta necessidade.
A Covid 19 não é culpa do governo português, nem do espanhol, nem do francês, nem do italiano, nem do belga, nem do alemão…
Perante o crescimento brutal do surto pandémico, os governos responsáveis tiveram que adoptar medidas duras e rigorosas para obviar ao número de infectados e ao número de vítimas mortais. Decerto não as tomaram por desporto ou porque lhes desse na realíssima gana.
Ao tomá-las, estariam absolutamente conscientes de que em primeiro lugar estava a erradicação da doença e a salvação da vida dos cidadãos. Mas estariam também conscientes dos danos colaterais causados em todos os sectores da actividade pública e produtiva dos seus países. Por isso as draconianas medidas a contragosto tomadas. Enquanto ainda há tempo.
Quanto mais assertivas estas medidas forem mais cedo se obviará ao problema da irradiação da doença e mais cedo todos poderemos voltar ao nosso natural, normal e já saudoso modo de vida pré-2020.
Os cofres dos erários públicos têm fundo. Os empréstimos pedidos têm que se pagar. Muitos portugueses viram-se de repente numa situação de desgraça. Outros, aproveitaram a boleia e, de mão enclavinhada estendida ao Estado, exigem o seu apoio. Dará esse apoio para 10 milhões de portugueses? Ou serão 7, 8 ou 9 milhões de portugueses a pagar um apoio que nunca receberão, nomeadamente na melhoria dos cuidados de Saúde, da prestação da Justiça, da Educação…?
Há pequenos empresários que investiram todos os seus bens nas suas empresas, sejam elas da restauração, sejam da cultura, sejam da agricultura… empenharam-se na banca. De repente ficaram sem nada. E os outros? Aqueles que há anos estão no mercado, de porta aberta, facturando milhões? Não terão eles fundo de maneio para se aguentarem uns meses?
O patético está nos concessionários privados das auto-estradas que e devido à diminuição do fluxo de trânsito por causa das restrições, querem do “prejuízo” ser ressarcidos pelo Estado…
O justo vai pagar pelo pecador e aqueles que realmente carecem de ser apoiados, na insuficiência dos apoios a receber vão pagar por quantos, sem essa necessidade, se colaram à “carona” do subsídio…