Enquanto o primeiro-ministro António Costa veio reconhecer os erros cometidos no decurso da Final da Champions, no Porto, com os adeptos ingleses, o secretário de estado do desporto, João Paulo Rebelo, em contramaré, reitera ter sido o evento “um sucesso”.
Perante esta dualidade de opiniões em quem devemos acreditar? Na opinião de António Costa que afirma ter havido “situações de manifesto incumprimento”, admitindo a existência de falhas, ou na de João Paulo Rebelo que está ciente do êxito do evento que e até “reforçou a credibilidade de Portugal junto da UEFA”?
Por seu turno, a ministra da Saúde, Marta Temido, preocupada com o incumprimento das regras pré-definidas, refere “não é de certeza um álibi para aquilo que gostaríamos de fazer, é apenas um mal maior para o sítio onde gostaríamos de estar”.
“Um mal maior…”, ou seja, nas entrelinhas se lê a crítica de quem tanto se tem esforçado a combater a pandemia nestes últimos 14 meses.
Agora, a DGS e o ACES Norte vêm colocar o esparadrapo na ferida e perante a perspectiva de uma subida de número de infectados, apelam a que todos quantos mantiveram proximidade com os adeptos ingleses reduzam os seus contactos sociais nos próximos catorze dias, assim como estejam atentos aos sintomas do Covid 19. Ou seja, casa roubada, trancas na porta.
Independentemente do surto vitamínico provocado pelos alegados 50 milhões que os adeptos trouxeram ao turismo e economia do Porto, segundo Rui Moreira, a servir de pretexto e álibi, há a triste e ingénua narrativa da “bolha”. Os adeptos ingleses vinham em bolha, estavam em bolha, iam em bolha. Pena foi a alegada “bolha” ter rebentado à saída de Inglaterra…
Claro que só terá um peso e uma medida, pois o contrário seria de difícil compreensão por parte dos portugueses. E é aqui, no precedente aberto, que pode estar o busílis da questão, pondo em causa o diligente cumprimento e sacrifícios de milhões de portugueses durante mais de um ano…