A fome serviu no passado e serve hoje como poderosa arma política para, com o auxílio das mortíferas e destruidoras armas de guerra, atingir os objectivos dos países beligerantes na invasão de outros países e na insaciável expansão das suas fronteiras.
Um mero exemplo e, talvez, um dos mais cruéis, de 1991 a 2002 o cabo Foday Sankoh, criador da Rebel United Front (RUF), na Serra Leoa, para atingir os seus objectivos terroristas através da fome, mandava cortar à catanada as mãos dos camponeses para os impedir de cultivar seus campos agrícolas.
“Um dos mais notáveis factos da terrível história da fome é o de nunca ter havido fome grave em nenhum país dotado de uma forma democrática de governo e com uma imprensa relativamente livre.” (1)
Este acto terrorista de Putin, a juntar ao amplo conjunto de acções que vem perpetrando de 24 de Fevereiro ao dia de hoje, insere-se no âmbito da sua traiçoeira e letal invasão da Ucrânia, alargando agora e assim a sua desumanidade aos inocentes mais fragilizados do planeta.
Putin, depois do seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, ter assinado em seu nome, com o ministro das Infraestruturas ucraniano Oleksandr Kubrakov, em Istambul, perante o secretário-geral da ONU, António Guterres e o presidente turco Tayyip Erdogan, o acordo de quatro meses para desbloquear a exportação de cereais retidos nos portos do país invadido, não esperou 24 horas para bombardear brutalmente o porto de Odessa, reiterando assim não ser fiável e confiável, antes traiçoeiro e vil embusteiro.
Mas mostrou mais, que se está “nas tintas” para a ONU e para a Turquia, mediadores esforçados deste interminável conflito, assim como lhe são barbaramente indiferentes as crescentes vítimas do seu criminoso imperialismo expansionista.
(1) Sen, Amartya – Prémio Nobel da Economia. In El País, 16 out. 1998
(Fotos DR)