Fernando Medina o mau da fita?

É absolutamente impensável que, no caso, a Câmara de Lisboa passe essa informação pessoal à Embaixada de Moscovo. No fundo, metendo a raposa no galinheiro. Ademais ninguém hoje ignorando que a Rússia tem pouco ou nenhum respeito pelos seus oponentes, que persegue, prende e… sabe-se lá que mais.

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  • 10:07 | Sexta-feira, 11 de Junho de 2021
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Eu não gostaria de saber que dados meus, por mim fornecidos ao abrigo da confiança institucional, como activista e num contexto de manifestação, eram fornecidos àqueles contra os quais exercia o meu democrático direito de contestação.

Num país onde a democracia funciona há plena confiança no procedimento institucional.

A Câmara de Lisboa a quem requeiro o direito de me manifestar solicita-me os meus dados pessoais. Ciente de que estou a lidar com uma entidade de bem, na minha boa-fé, forneço-lhes sem quaisquer peias ou entraves.


É absolutamente impensável que, no caso, a Câmara de Lisboa passe essa informação pessoal à Embaixada de Moscovo. No fundo, metendo a raposa no galinheiro. Ademais ninguém hoje ignorando que a Rússia tem pouco ou nenhum respeito pelos seus oponentes, que persegue, prende e… sabe-se lá que mais.

Que Fernando Medina venha pedir públicas desculpas na assunção do “lapso”, minimiza-o, mas não o desagrava. Que esse “lapso” possa existir mostra uma falha imperdoável, grosseira e perigosa no funcionamento dos serviços que o cometeram. O comprometimento do apuramento de responsabilidades por parte de Fernando Medina, que ignoraria o procedimento, já é um passo dado para obviar a futuros atropelos. Mas não chega, pois destaca a negligência e incúria de serviços que deveriam ser responsáveis em matérias tão sensíveis quanto estas.

Agora que a oposição, pouco ou nada preocupada com a privacidade dos activistas, tenha vinda a terreiro, como matilha de lobos esfaimados, falar em “acto de terrorismo” por parte da edilidade lisboeta e requerer de imediato a demissão do presidente do município… isso já carreia todos os indícios de uma súbita cavalgada eleitoralista, aproveitando à exaustão a irregularidade processual.

Isto aconteceu num país que um dos três activistas em causa apodou do “mais seguro do mundo”. Seguro e generoso, até nos exílios políticos que proporciona aos dissidentes de universos onde os direitos humanos e a democracia são palavras vãs.

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