À laia de balanço, olho para estes 363 dias escoados. Pessoalmente, o que retenho deste ano?
No mundo, o continente americano (sul e norte), do Brasil à Venezuela, ao Equador, ao Peru, ao Paraguai, à Bolívia, à Argentina, ao Chile, com sublevações por todo o lado e muita miséria a sair à rua e os EUA que se fartou de dar que falar, evidencindo-se os arrogantes e perigosos disfuncionamentos de Trump e a tentativa de “impeachment” dos democratas, escândalo atrás de escândalo.
As manifestações por um planeta mais limpo e por melhores condições climáticas encontraram novas e críticas vozes no seio dos mais jovens, fartos da indiferença e dos paliativos inócuos dos mais velhos. Greta Thunberg foi seu rosto.
O Reino Unido (?) com o irreversível Brexit é uma incógnita, até e para os próprios ingleses, que parece terem votado no “escuro”. Políticos como Farange, Cameron, May e Boris Johnson mudaram a Inglaterra com o seu populismo e inerente referendo popular para saída da UE. As consequências são para todos imprevisíveis.
Há dois livros a ler, duas ficções muito bem construídas sobre esta temática: de Ian McEwan, “A Barata” e de Jonathan Coe, “No Coração de Inglaterra”. Quem tiver olhos críticos, encontra aí pano para muitas mangas…
Na Espanha, a Catalunha esteve na ordem do dia de um país que não encontra hegemonia nas suas regiões, autonomistas, desavindas desde 1936.
Na França, a contestação sai à rua quase diariamente, desde os “gilets jaunes” à reforma da segurança social, não dando paz a Macron.
Os refugiados e migrantes em fuga de conflitos, guerra, perseguições e da pobreza quase deixaram de ser notícia, não porque a sua mala-saga deixasse de existir, sim porque os “media” se cansassem, ou recebessem ordens, para apontar o foco a outras calamidades.
Em Portugal, quase parece que tudo se resume, em política, ao Ventura e à Joacir, as estrelas emergentes destas legislativas, que arrastam microfones e objectivas por onde quer que andem, pelo que quer que façam, pelo que quer que digam. Um parolismo mediático para cativar a atenção e sobressaltar os entediados.
Rui Rio e Montenegro também estiveram e estão sob holofotes. Janeiro trará a decisão desta luta pela liderança do PSD.
Em Viseu, o finado 2019 foi annus horribilis para o autarca António Almeida Henriques, prevendo-se que 2020 não lhe seja mais leve, com as notícias que vão saindo, a conta-gotas, cirurgicamente, acerca das investigações do DIAP e das suspeições de envolvimentos em diversos casos muitíssimo polémicos. Até quando terá condições para capitanear a CMV?
Bom, de resto, e porque nem tudo são desgraças, ainda não nos faltou a saúde no corpo, o discernimento na mente e a broa na mesa.
Em Novembro passado, a Rua Direita completou o seu sexto ano de vida, continuando paulatinamente o seu crescimento afirmado.
Se 2020 não trouxer melhores dias, que sejam como os que 2019 nos deu.
Um bom Ano Novo, estimado leitor.