Ontem, pelas 20H05, fui ao Palácio do Gelo.
Dirigi-me ao parque de estacionamento. A cancela estava aberta. Esperei que fechasse. Manteve-se imóvel. O ecrã da máquina dizia: retire o seu bilhete (ou algo semelhante). Accionada, nada dela saiu. A fila atrás de mim engrossava. Os claxons tocavam. Saiu um cidadão de um dos carros em espera para me vir passar um atestado de incompetência, pois, dizia ele, “a partir das 20H00 não se paga!”. Pois não, mas tem que se tirar o talão, abrir a cancela e não entrar à bruta, sujeitando-me a levar com ela intempestivamente em cima do automóvel e não ter ticket para sair.
Não avistando nenhum segurança — que entretanto estava a acorrer a outra anomalia — corri o banal e destrambelhante risco: entrei, estacionei, encontrei o funcionário e expliquei o sucedido. Conduziu-me gentilmente ao balcão do -2 onde me disseram com profissionalismo que emitiriam o respectivo “salvo-conduto” de saída.
Ia jantar, comprar uma camisa e dois livros. Perdi o apetite para qualquer um dos actos. Entretanto, com esta rábula, tinham-se escoado 25 minutos. Requeri o bilhete e vim-me embora.
Compreendo o alcance da medida. A partir da sua implementação houve mais lugares vagos para os utentes. Só não compreendo que a empresa proprietária, líder no sector tecnológico, tenha, talvez com a pressa de Agosto…, recorrido a tão falível e lesiva tecnologia para afastar os clientes de um espaço comercial do qual somos (éramos?) clientes desde a sua inauguração.
Entretanto dei-me ao trabalho de falar com mais “vítimas” deste anómalo disfuncionamento, o que quer dizer que o problema não foi um meu exclusivo, mas que é recorrente.
O compadre Zacarias estava hoje cheio de azia…
Conseguiu com muito esforço e tenacidade poupar mil euros e no seu banco de há 4 décadas, num depósito a prazo de um ano, nem 0,7% lhe pagavam de juros brutos.
Perguntou quanto pagaria de juro se pedisse dinheiro emprestado…
Fora as taxas e comissões iniciais, pagaria, por ser cliente há décadas e sem risco, entre 7 a 9%.
Excelente negócio. Com taxas destas, a pagarem 0,7% e a cobrarem 8% deviam estar, os prestamistas, podres de ricos.
Ah, mas há o crédito mal-parado das grandes empresas e blá, blá…
Ou seja, o justo a pagar pelo pecador.
Ainda assim, confiante nas alternativas do mercado, foi aos CTT saber dos “Certificados do Tesouro Poupança Mais“.
Uma simpática funcionária explicou tudo direitinho: Que tinha que preencher uns papelinhos, coisa para 20 minutitos, que esses papéis iam a Lisboa (talvez ao Jardim Zoológico, não especificou…) e se fosse aprovada pretensão (?) receberia 1,25% / ano de taxa de juro bruta/ano.
O compadre Zacarias ficou um pouco endrominado com tanto burocrático número e processo e foi para casa atordoado fazer contas.
“Então é assim” (como agora se diz): os 1.000€, ao fim de um ano renderiam 12,5€. Porém, o Estado-rapineiro vai larapiar a sua parte, porque isso de haver “ricaços” com mil euros é um inaceitavel escândalo e sobre esses 12,5€ vai cobrar 28,0%, ou seja, 3,5€, ficando o juro líquido anual nuns magrinhos 9,0€ (se a matemática não falhou…).
PQP… pensou baixinho enquanto pegava nas 20 notas de 50 e, como via fazer ao seu avô Germildo, foi enfiá-las debaixo do colchão. Sempre estão mais seguras e não pagam despesas de manutenção!