Ciclicamente, nesta via dantesca, ora arde a norte, ora a centro, ora a sul. A devastação há-de ter regras e estratégias geográficas…
Mas também a incúria humana a elas permanece agarrada. Cinquenta por cento (ou mais) das medidas legais para limpeza da floresta soçobraram no laxismo indiligente dos centros políticos de decisão.
Muita parra e pouca uva ou, entradas de leão, saídas de sendeiro. O país arde porque há quem com isso lucre – a célebre e propalada associação de “gentes” ligadas ao negócio das madeiras que reuniu antes do incêndio de Pedrogão, alguém ouviu falar? – nomeiam-se grandes crânios para a linha da frente – sempre num cómodo e asséptico centro de operações – e a estratégia assim como a logística colapsam mal as ígneas proporções aumentam.
O país continua cheio de matagais, paióis à espera do fósforo assassino e todos à vista desarmada dos cidadãos. Baixos teores de humidade. Os cadastros não foram feitos. As Juntas de Freguesia e as Autarquias deviam ser as entidades por onde começar esse serviço, mas mal acaba a “época oficial de incêndios”, depois de um suspiro de alívio, baixam-se as mangas e espera-se pela próxima, que há-de chegar, com as constantes alterações climáticas, sabe-se lá quando – talvez em Fevereiro?! – para continuar a perceber que quase tudo se mantém – porque convém? – inalteravelmente constante.
Vai o verão a meio e arde o sul… em 2017, em setembro e outubro, ardia o centro de Portugal. Já nem podemos inferir que é interior, mais abandonado, menos povoado, a vítima do flagelo constante. O país vai a eito. Muitos meios, muitas medidas, muito dinheiro gasto, determinariam outros resultados e maior eficácia. Ou não? Se os Bombeiros cumprem o seu papel, no meio dos incêndios, quem não o cumpre? As chefias? O poder central? O poder local? Ou todos juntos e a uma só voz?
(Foto DR)