Enquanto um pouco por toda a imprensa europeia proliferam as críticas aos 10 anos de presidência de Durão Barroso, chegando mesmo a ler-se que “é impossível fazer pior que Barroso“, Cavaco Silva condecora-o com o Colar da Ordem do Infante Dom Henrique e tece-lhe os mais rasgados elogios.
Porém, o invocado tanto bem feito a Portugal não é visível em lado algum. Ou será apenas bem feito a e para determinados sectores que nada têm a ver com a vida, em geral, de 11 milhões de portugueses?
Neste “episódio” há cenas que são de difícil compreensão… É natural que Cavaco homenageie o correligionário, mas daí ao panegírico com que o “embrulhou” — naturalmente para justificar e fundamentar o acto — irá uma longa distância.
Ou então, talvez a maioria da imprensa europeia esteja a avaliar erradamente as competentes performances desenvolvidas e as grandiosas medidas implementadas por Barroso.
Se a maioria da Europa não vê, Cavaco viu por eles todos e esta clarividência de um presidente da República em fim de linha, se parecer estranha, terá também uma componente aceitável, nas palavras do próprio Cavaco e na reiterada “natureza extraordinária e a relevância dos serviços prestados a Portugal” por ”esse grande impulsionador do modelo de governação da União Europeia”…
Mas Cavaco acaba por quase acertar quando acrescenta: “No Portugal contemporâneo não encontramos outro político português que tenha obtido tão grande relevo e influência na cena internacional.”
É que aqui, deixou em aberto a perspectiva de conjecturalmente pensarmos : Pela positiva ou pela negativa?
Há imprensa internacional que considera estes dez anos como “o decénio perdido” mais acrescentando “Um sombrio balanço que é também o daqueles que dele fizeram rei. Aposta ganha.”
No fundo, se a aposta foi ganha, Barroso a alguém serviu. E alguém ganhou com o seu servir?
Pela minha parte, lamento muito, mas não tenho nada a agradecer-lhe.
E o leitor, agradece-lhe o quê?
(foto DR)