Quando o ministro Mário Centeno alerta para uma descida do PIB para próximo dos dois dígitos, já no terceiro trimestre, perante uma situação de crise generalizada de todos os sectores produtivos, pouco se houve falar da situação da agricultura, da agropecuária e das pescas em Portugal.
Talvez a ministra da tutela, com um CV de invejar, seja uma pessoa discreta. Quem sabe o nome dela? Eu ajudo:
Maria do Céu Albuquerque… e acrescento
“É licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e pós-graduada em Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
Foi Presidente da Câmara Municipal de Abrantes durante 9 anos e desde 2013 presidiu ao Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.”
Talvez as suas atenções estejam canalizadas para outras prioridades. Ou provavelmente tem todas as medidas tomadas, mas tem dificuldades na sua comunicação. E diversificando-as, pela implementação e diferenciação de estratégias actuantes e profícuas para os pequenos e os médios agricultores que vivem dos produtos hortícolas e frutícolas que vendem para frutarias e retalhistas, ou do pequeno produtor de leite que vende para as queijarias, e para o grande empresário que também não consegue escoar a produção. E as pescas? É tudo linear?
Entretanto, o sector – como os outros sectores – estertora num estado pré-comatoso.
Os produtos hortícolas e frutícolas não são plenamente escoados. Na agropecuária, as vendas estagnaram. Os criadores começam a ter dificuldades económicas para adquirir as rações. Os derivados, como o leite, tiveram uma quebra acentuada na procura. Os animais precisam de ser ordenhados e o leite é escoado para os ralos… Os ovos não vendem e ficam a prazo até à sua inutilização. O peixe não é comprado pela restauração que se encontra de portas fechadas…
Para já e com pouca divulgação, criou-se o chamado Plano de Medidas Excepcionais, visando o sector agroalimentar.
Na página da CONFAGRI pode ler-se:
“Este conjunto de medidas tem como principal objetivo assegurar o funcionamento do setor agrícola e agroalimentar de forma a garantir o abastecimento alimentar num contexto de fortes restrições de circulação de pessoas e mercadorias e ainda mitigar o efeito nos subsectores com quebra da procura.”
Está a resultar essa mitigação?
As medidas já tomadas, de forma global e abrangente, foram devidamente divulgadas? Há alguma campanha em curso de informação para todos os agricultores, criadores, pescadores?
Por mero exemplo:
A Linha de Crédito Capitalizar chegou aos potenciais interessados?
A flexibilização das condições de pagamento de impostos e contribuições à Segurança Social no 2º trimestre de 2020, por exemplo, chegou aos destinatários?
Têm conhecimento da muito tímida campanha “Alimente quem o Alimenta”?
Que se sabe da Campanha DOURO + SOLIDÁRIO!?
“Foi estabelecido um conjunto de medidas integradas na medida LEADER, que visa a promoção e agilização dos canais de comercialização de produtos alimentares locais (cadeias curtas), alargando as possibilidades de escoamento para pontos específicos de concentração, localizados na área geográfica da produção, para além de mercados locais. “
Tem conhecimento?
Não duvidamos das boas intenções da tutela. Porém, perante aquilo que se vê e se ouve, algo está a falhar no circuito comunicacional e também no âmbito da agilização eficaz das medidas.
A este ritmo, não tarda que tudo se agudize irreversivelmente, levando à morte mais um dos sectores produtivos da nossa economia. O sector primário…