Do “sensato fiasco” ao “vazio da fala”

  É uma anedótica lástima ouvir o solitário Passos Coelho e a órfã Assunção Cristas enunciarem os seus discursos de retórica oca, por feiras e arraiais. Ouvir Cristas autoproclamar-se como “alternativa” já é façanha de topete. Mas quando ao nome junta o adjectivo para a qualificar de “sensata”, qualquer ouvinte com um mínimo de capacidade […]

  • 15:32 | Segunda-feira, 05 de Setembro de 2016
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É uma anedótica lástima ouvir o solitário Passos Coelho e a órfã Assunção Cristas enunciarem os seus discursos de retórica oca, por feiras e arraiais.
Ouvir Cristas autoproclamar-se como “alternativa” já é façanha de topete. Mas quando ao nome junta o adjectivo para a qualificar de “sensata”, qualquer ouvinte com um mínimo de capacidade crítica dará a boa e salutar gargalhada do dia. O ridículo, afinal, não mata, só desopila…
O “partido do táxi” desde que foi glorioso parceiro da PàF e se tornou governo, não para governar, mas sim para definir o futuro profissional do irrevogável Portas, empafiou-se e, não seguindo o exemplo do sábio sapateiro, insensatamente, crê-se capaz de ir além da chinela.
Passos, por seu turno, no triste e catatónico psitacismo que o assola, anda por onde ainda o ouvem – universidades (?) de verão dos jotinhas, quejandos e similares – num cacarejo estrénuo propalando a sua desolada panóplia de crenças sobre a “geringonça”: é um “fiasco”; um “fracasso”; está “condenada”; é “imobilismo” e nem sequer é capaz de “gerar um grama de expectativa”.
O mais interessante é percebermos que no mundo virtual onde parece ter-se encasulado, levitando, Passos acredita no que diz e funciona como uma juke box depois de nela se inserirem 5 cêntimos, tocando discos sobre a “saudade” e “o tempo volta para trás”. E ainda há quem fale nas cassettes do MRPP…
Perceber que Orfeu só pôde salvar o que amava pela renúncia, é intuir ilusoriamente e neste contexto, que há uma Terra Prometida na vacuidade deste linguarejar culpado e nulo.
Parafraseando R. Barthes, in “Mitologias”, ed.70, 1978:
A retórica oficial pode empilhar os cobertores da realidade, há sempre um momento em que as palavras lhe resistem e a obrigam a revelar, por debaixo do mito, a alternativa da mentira ou da verdade.
 

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Publicado em Editorial