Em Viseu, quem mais mal fez à social-democracia foram alguns dos seus presumidos dirigentes, grandes líderes de claque do clubismo local, na insensatez a que os levou o lugar-tenentismo das suas medíocres nomeações e sôfregas tentações. O PSD não merecia tal sorte…
Por seu lado, no PS, o mal também não lhes vem de fora, é endógeno e oriundo dos aspirantes famintos que o “arquiduque” resendense tem num saco sem fundo, em ufano canibalismo. O PS passava bem sem tal destino…
Desde Luís Martins – quem ainda o recorda? – que o PPD/PSD não conseguiu ter um líder digno do legado por ele deixado. Sucederam-lhe banais aprendizes, de competência política muitas vezes inversamente profissional à proficuidade da acção. Uma desgraça.
O PS em Viseu sofre hoje o síndrome do “gonçalismo”, ou seja, a patologia dos almejantes moldados em barro de Molelos, com longos fios pendentes dos membros superiores e inferiores, para um saracoteio de circunstância, ao serviço de quem assobia ou açula à lura os mastins, vendo saltar os cândidos laparotos, escondido atrás do frondoso giestal.
O PSD, agora em viragem (assim se espera), sofre ainda da herança herdada e bem pesada. Hoje, o rosto hiper visível do PSD continua a ser o de alguns nomeados políticos circunstanciais, por decisões a 180º arredadas do mérito, da eficácia e da sensata inteligência. Os nomeadores do restolho autodefinindo-se na sua postura de seriedade, integridade e honestidade. O chamado efeito de “boomerang”. Infelizmente, a contundir já noutras cabeças.
No PS, os “cardeais” sombrios pontificando em jogos florentinos, rodeiam-se de valetes para não criarem oposição capaz no porvir próximo, salgando a terra para a tornar sáfara, depois de encherem as suas próprias tulhas. Da concelhia à distrital, num lastimável espectáculo de avidez, subserviência e maquiavelismo.
Com a concelhia do PSD Viseu nem vale a pena gastar tinta. O ungido das Terras do Demo fez bem o papel que lhe foi dado protagonizar, no meio de “osorianos fait divers”, decerto “pour épater le bourgeois”. E lá está, que nem um lorde, refastelado, depois de uma batida às raposas & three olds scotchs… A máquina “henriquina” a carburar em pleno. Tire-se-lhe o chapéu.
Quase esquecíamos aqui o CDS/PP, pré-aniquilado pela dinastia Amaral, do deputado à efémera “rainha” local. O epitáfio está-lhe lavrado e é penoso assistir ao suplício de auto-flagelação pré-exangue e sem qualquer capacidade de renovação. “Après moi le déluge”, será o epíteto pelo ainda “líder” lavrado no brasão democrata-cristão local, que, de todo, não merecia tal infortúnio.
Auspícios, neste dealbar de ano, assemelham-se mais a tristes augúrios do que está para vir, convictos de que, do barro mole e mal moldado, o edificado será sempre de terceira qualidade.
E tudo isto graças a uma meia mão de fabianos, mestres da prestidigitadora habilidade da ilusão e não assunção, a quem o futuro honrará e fará jus com a granítica laje do desprezado esquecimento.
E é quase dia da Consoada. Apesar de tudo, que o bacalhau não vos falte e que as rabanadas vos sejam saborosas, nesse dia de Natividade, no qual, por mais que batais no peito, a pífia contrição apenas será o eco do V. amplo vazio. Boas Festas.
*O que sobra após ter sido escolhido e retirado o que é melhor ou o mais aproveitável.
**Tendência ou aptidão para aproveitar as oportunidades ou as circunstâncias, normalmente sem preocupações éticas.
Foto pn, de Luís Martins, década de 90.
Luís António Martins foi deputado nas seguintes legislaturas:
I [1976-06-03 a 1980-01-02]
I [1980-01-03 a 1980-11-12]
II [1980-11-13 a 1983-05-30]
III [1983-05-31 a 1985-11-03]
IV [1985-11-04 a 1987-08-12]
V [1987-08-13 a 1991-11-03]
VI [1991-11-04 a 1995-10-26]