Este governo é benévolo. Uma espécie de aluno pouco inteligente, mas muito esforçado nos trabalhos de casa. Porém, como qualquer estudante, há disciplinas de que não gosta. Assim como há algumas de que mais gosta.
Centrado em Lisboa, vê o país através de um buraco umbigal pelo periscópio de um secretariado nacional estrábico e de uma estracassante miopia.
Dando continuadas provas de uma inabilidade e inépcia politicas constrangedoras, imiscuindo-se nalgumas áreas e fugindo de outras a passos de gigante, quando interfere nas distritais, ou ouve mal seus “conselheiros” de terreno, ou fica cego, surdo e mudo à realidade local, variando de comportamento de ministério para ministério, ostentando uma política geral dúbia nuns casos, e ambígua noutros.
Um exemplo marcante foi a não recondução de Lúcio Campos no CODIS. Um operacional competente, congregador de consensos no terreno, mas “varrido” pela visão generalista e enviesada de um secretário de Estado que conhece Portugal montado no cavalo Alter de Dom José. Claro está que Almeida Henriques, que só é incompetente quando quer, o foi logo buscar para o seu serviço concelhio. Tiramos-lhe o chapéu.
Por outro lado, áreas há, como a da Saúde, por mero exemplo, onde perduram e se eternizam casos de bradar aos céus. É óbvio que o PSD foi de uma infelicidade inquestionável na nomeação de certos comissários políticos, sem olhar nem de longe nem de perto ao mérito e competência profissionais, antes nalguns casos fazendo o mero “gógó” ou à fidelidade canina ou “àquele é genro de fulano e primo de sicrano”, com resultados de louvor discutível.
Nada que estranhemos se olharmos de frente as anteriores cabeças de uma distrital que fez do mérito papel costaneira para embrulhar os pardos nomes que, em muitos casos, propôs às tutelas.
Mas mais grave do que isso é este governo em pleno exercício de poder há mais de um ano, manter em funções, de forma inexplicável e acriteriosa, gente lesiva para as áreas onde pontifica, com provas dadas no mal-fazer e/ou até na maldade do fazer.
Das duas uma, ou está decapitado de quadros competentes, ou é de tal forma masoquista que encontra um prazer inexplicável em ter gente em lugares dirigentes que se pauta por ainda fazer a política de quem os nomeou ou por andar ao Deus-dará, de freio nos dentes, a exercer em cabriolas desconexas as psicoses incompetentes, que norteiam os seus incertos agires.
Esta dualidade comportamental de um governo a dois tempos prova que a fidelidade de Costa a gente como Ana Catarina Mendes e quejandos é de uma discutível origem e de um desastroso alcance.
Ao cometer erros fundados na ignorância, na insensatez, no desconhecimento do terreno, prova também que alguns dos que integram o orgão em questão, estão mais interessados em não ver a realidade circundante do que em actuar na estrita conformidade das responsabilidades nacionais e regionais de que estão investidos.
É pena e a curto prazo o distrito pagará por isso, ainda mais e quando o tem entregue a três ou quatro tipos destituídos de um qualquer assomo de “proximidade e coesão”, antes interessados em dividir para reinar, pontificando em tribos que se canibalizam e usando de um porfiado autismo no seu agir sectário.
Exemplo disso, que mais longe não se precisaria de ir, é a falta de candidatos credíveis para a autarquia viseense que vai ter, ao que por aí se pressente nos ventos que sopram, o mais desastroso resultado de sempre.
Talvez isso interesse ao presidente da federação do PS e aos que o acolitam, o qual, quando lhe é conveniente invoca as concelhias para se desresponsabilizar, quando não lhe interessa, como no caso de Nelas, acode-se das leis dimanadas do secretariado nacional. Uma questão de coesão e coerência…
Provavelmente, pelo que se vê por aí e por acolá, por esse país fora e na macrocefalia alfacinha, o PS parece não ser alternativa credível, antes parecendo ser mais do mesmo no intertexto confuso onde o laranja e o rosa se diluem num cromatismo aversivo e de estética muito mais que duvidosa.
(foto DR)