Corrupção, uso e abuso da coisa pública e mais umas "artistices"…

    A corrupção está na ordem do dia. Fala-se mais nela do que nos ases da bola, tipo Ronaldo ou nos dirigentes desportivos, tipo Luís Filipe Vieira, o que é cousa de muito se estranhar, num país de FFF’s, Futebol, Fado & Fé. O uso e abuso da coisa pública também parece ter-se tornado […]

  • 12:21 | Sexta-feira, 09 de Novembro de 2018
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A corrupção está na ordem do dia. Fala-se mais nela do que nos ases da bola, tipo Ronaldo ou nos dirigentes desportivos, tipo Luís Filipe Vieira, o que é cousa de muito se estranhar, num país de FFF’s, Futebol, Fado & Fé.

O uso e abuso da coisa pública também parece ter-se tornado uma prática inevitável ao exercício de certas funções, perdida a sua dignidade, elevação e missão de servir, tornada algo de indigno, rasteiro e acto de se servir. De se servir é à “família”, quer seja directa, como por exemplo os/as cônjuges ou indirecta, como sendo a camarilha de apaniguados nunca apaziguados no meter da colher de pau à gamela.
De tanto se ver por toda a parte, em moda se tornou, vulgarizando-se e afastando-se em absoluto dos princípios basilares da honesta honra de todo o servidor da res publica.
As trafulhices proliferam como tortulho em caruma húmida. Os favorecimentos tratam-se durante o aprazível de um almoço. As facilidades concedem-se ao cognac do fim de jantar. Os “encostos dos ávidos da gorjeta – gente que só vive disso e que para além desta comesaina pública não tem existência – dão-se no esconso do gabinete cálido. A mentira, agora dita “fake news”, pois que o ónus passou da classe política para os jornalistas, cada vez mais escassos, tornados “escribas” do regime a troco da publicidade que lhes paga o caldo, de tão vulgar, tornou-se lugar comum, uma trivialidade. Ontem, viu-se Trump The Clown a correr com um jornalista da CNN, durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, porque lhe colocou duas perguntas incómodas… É que ainda há desses, mas são raros.
Em Viseu anda por aí muito incomodado de entre a classe política local, empresários – quase todos parecem ser primos entre si – e artistas da pedinchice. Quanto aos dinheiros públicos, o seu uso parece submergir sob uma camada opaca de verniz brilhante, numa encenação onde nada parece ser o que é e nada é o que parece. Ilusionismos, ilusões de óptica, engenharias ziguezagueantes de muita competência.
Há, contudo, que saudar a emergência de uma consciência pública, crítica e severa, no meio da apatia generalizada de indiferentes. Isso é bom. Nem todos são carneiros a balir docemente ao toque do cajado do pastor, ou, neste caso, dos pastores que parece serem às mãos-cheias, com dedos entesourados prontos para a tosquia do rebanho abúlico.
Auspiciamos, neste tempo e espaço de censura encardida e mofenta, que o élan não lhes falte e a afonia não os tolha… e, já agora, que a Justiça não os esqueça.


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