No rescaldo das eleições presidenciais, os líderes do PSD e CDS, Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, reuniram para análise dos resultados eleitorais e para definirem estratégias de entendimento futuro.
É paradigmática a afirmação de Rio à saída da reunião: “Este acordo não vai dizer que só há coligações com o CDS e com mais ninguém (…) A única questão que estamos de acordo é que não haverá com o Chega, mas tirando o Chega logo se verá”.
Tais palavras abrem portas a entendimentos futuros que serão testados já nas próximas autárquicas de Outubro de 2021, mas sem o Chega.
Porém, no discurso mais lato parece haver mais discordância de forma que de conteúdo, segundo se pode inferir das palavras de Rui Rio: “O Chega para ter conversas com o PSD tem de se moderar, o Chega não se tem moderado, não há conversa nenhuma”.
Ou seja, eventualmente admite que se o líder do Chega falar baixinho, sem gritarias e com respeitinho… tudo será possível. Será isso?
Também Francisco dos Santos reiterou e foi bem claro “Não haverá coligações com o Chega, nem em autárquicas nem em legislativas”.
O PSD e o CDS são dois partidos políticos democráticos fundamentais no espectro político português. As últimas sondagens feitas pela Aximage para o JN, DN e TSF dão ao PS 39,9% nas escolhas dos portugueses, o PSD com ligeira subida apresenta-se com 26,6%, ficando o CDS em último da fila.
Estranhamente, Rui Rio e Francisco dos Santos não convidaram a Iniciativa Liberal e Cotrim para este encontro, IL que nesta sondagem teve 3,5% e se apresenta como um partido democrático próximo do arco político do PSD e do CDS. Porquê esta exclusão? Falta de convite ou recusa de Cotrim?
Nas próximas autárquicas, este convénio pode ser a salvação de ambos os líderes em muitos concelhos. Líderes estes agora debaixo do fogo dos próprios correligionários opositores, dos quais se destaca para já Mesquita Nunes, reclamando um congresso antecipado – para pedir a cabeça de Francisco dos Santos – e apresentando o peito às balas em sua alternativa. Também já Nuno Melo veio dizer que não refuta uma candidatura, mas depois das autárquicas. Em Bruxelas está-se bem… No PSD, então, há muitos a contar baionetas para a noite das facas longas…
Ou seja, bom é que as próximas eleições não sejam um desaire para o PSD e o CDS… porque a serem-no, de uma paulada vão dois coelhos para o maneta.