Ultimamente e por mor de assumidas funções, o meu quotidiano enfrenta-se a toda a hora com produtos da terra e pecuários.
Nesta minha lenta e tardia aprendizagem – que faço com gosto e muitos bons mestres – vou valorizando tudo quanto a Terra nos dá, a nós que tanto e tão vastas vezes a ofendemos, desprezámos e costas lhe voltámos.
Hoje ao almoço comi uns peitinhos de galinha do campo passados em manteiga e vinho branco, acolitados no seu final com mel caramelizado e acompanhados de maçã, aos pedaços, fruto do mesmo tratamento e uma couve-flor “au gratin”. No final, uma fatia de queijo de ovelha do produtor, curado, com compota de abóbora e muita noz… Faltou-lhe um reserva tinto da Adega de Mangualde… mas como sou um hídrico fundamentalista, fiquei-me pela ideia para os de mais consabido palato.
Nada consumi que não fosse um produto endógeno, como hoje se adregou chamar-lhe. Desde a galinha criada no campo ao mel Linha da Terra, do arquitecto Nelson, às maçãs e nozes da COAPE e ao queijo do Paulo Martins…
Talvez um nutricionista me critique por não haver grande correcção nesta ementa, mas que diabo, um homem não é de ferro… Além disso, neste exemplo, estão legumes, frutas, frutos secos, aves, lacticínios e adoçantes naturais, o que, de algum modo, reduz a gula a um pecadilho de cácaricácá…
Mas mais do que isso estão produtos da nossa terra, da nossa região, dos nossos agricultores e da nossa pecuária. E ao comprar os seus produtos, além de saber o que está a consumir, além de zelar pela sua saúde e bem-estar, além de saborear qualidade… está a contribuir para a nossa economia local. E a “nossa” agro-pecuária agradece-lhe. Como? Criando mais e melhores produtos para com eles se deliciar!
Deixo aqui uma sugestão sobre as frutas de inverno que devem colher-se muito antes de amadurecerem para se conservarem mais tempo, devem ser colhidas num dia claro e de vento norte e, se forem peras e maçãs, devem arrumar-se sobre umas tábuas com os pés para cima, devendo ser visitadas com frequência para tirar as que começarem a apodrecer… Dizia a minha avó Natividade Carreira e dessas tábuas bem eu me lembro, porque havia lá em casa uma divisão cheia de prateleiras com frutas e fios cruzados de parede a parede, onde os cachos de uva se tornavam passas (liofilização à antiga…).
Nota: Este edit é dedicado aos meus sobrinhos Renata e Renato, rendidos à sublime arte culinária.