A concessão dos transportes urbanos da autarquia viseense à empresa de transportes Berrelhas não se tem, desde o seu início, visto livre de controvérsias.
A nível de horários e de eficácia transportadora propriamente dita, temos as redes sociais cheias de críticas de utentes.
Mas de quem será a culpa? Do executivo camarário e do vereador do pelouro, da empresa Berrelhas, ou de ambos?
A última polémica estoirou agora com a alegada falta de dinheiro da empresa para pagar aos trabalhadores o mês de Janeiro e para o alerta interno de que “só haveria dinheiro para gasóleo para mais 10 dias”.
Como fundamento invoca-se uma dívida por parte da CMV de 500.000€.
Por seu turno, o citado devedor refere nada dever. Perante duas versões tão diametralmente opostas alguém estará a fugir à verdade dos factos. Ou ambos estarão afastados dela?
É evidente que a pandemia que nos assola gerou constrangimentos a todos os sectores de serviços. É lógico que deve haver uma reformulação de estratégias de acordo com as circunstâncias contextuais. O que não deve existir é um jogo do empurra inconclusivo no alijar das respectivas responsabilidades.
Da parte do executivo camarário, nomeadamente do seu presidente António Almeida Henriques, na recorrente inconclusividade da sua gestão autárquica, complementada com escassez de fundos e com alguma inflexibilidade negocial, é mais crível a ausência de resposta eficaz, funcional, adequada às exigências e funcionalizações da e na tão propalada “smart city”, que afinal e pelo que se vê, só o é no papel, nos outdoors e na imprensa mais cândida e amigável.