Circunstâncias excepcionais carecem de medidas de excepção. Este princípio é inquestionavelmente básico.
O diferendo entre a CMV e a Empresa Berrelhas parece estar para durar e cingir-se-á, no fundo, ao supra enunciado e suas consequências, ou seja, com a situação de pandemia terá surgido a necessidade de implementar na área e contexto dos transportes colectivos urbanos e periurbanos um conjunto acessório de medidas não previstas no contrato de concessão. Essas medidas têm naturalmente custos. Esses custos, num serviço público que tem como concedente o município, deverão ser assumidos por qual das partes?
A Empresa Berrelhas é taxativa: a CMV deve 500 mil euros. O vereador do pelouro, João Paulo Gouveia é taxativo, também, a CMV nada deve à Empresa Berrelhas.
Naturalmente que nesta situação tão antagónica haverá quem tenha e quem não tenha razão, seja no todo seja em parte. E La Palisse não o diria melhor…
A CMV na sua inflexibilidade negocial, como é de sua recorrente e arrogante postura, deveria dialogar em sede própria, consensualizar, encontrar soluções e evitar o esticar da corda até à ruptura.
No meio estão as “vítimas” de sempre, os trabalhadores da empresa, com salário(s) em atraso e perspectiva do agudizar da situação e os utentes, munícipes pagadores de impostos que, de repente, por motivos que lhes são plenamente alheios, se veem e verão privados de um direito fulcral para as suas vidas pessoais e profissionais, o transporte público que os leva de casa ao trabalho, à escola, ao hospital… e os traz de novo aos seus lares.
A falta de pagamento desta verba – a tal que a CMV diz não dever – poderá levar, conforme já foi referido, até à falta de dinheiro para o essencial, o combustível… imobilizando estes transportes colectivos a 100%.
De concreto se sabe que os trabalhadores da Berrelhas se irão manifestar amanhã, dia 17, pelas 09h30 à porta do município.
Almeida Henriques, que tanto gosta de protagonismos e televisões, deverá tê-las amanhã à sua frente.
Vamos esperar para o ouvir…