Não obstante os plurais “incitamentos” feitos pelo primeiro-ministro ao sector bancário, este, como bem é de seu contumaz timbre e tom, não só se mantém no mais cauto silêncio, como ainda está de atalaia à mínima hipótese de se locupletar com uns milhões à custa da pandemia que assola os portugueses, e o mundo em geral.
Apesar do sector bancário ser aquele que mais prejuízos deu à nação, que mais biliões de euros tem sugado ao erário público, logo aos portugueses, e não é preciso ir além das gestões ruinosas da CGD, do BES, do BPN, do Novo Banco… a banca não só recusa assumir firmemente a consciência social e solidária em tempos de crise aguda, como também, e em geral, arrogante e indesculpada de seus erros, coberta de uma impunidade terrificante, se apresta ao crónico exercício de vitimização para fazer aquilo que melhor sabe: sorver sôfrega o exausto úbero nacional.
A título de exemplo, os apoios, os resgates e as nacionalizações, de 2008 a 2017 custaram a bagatela de 16 biliões 751 milhões de euros (fonte TC). Em termos acumulados (2008/20016) os contribuintes portugueses pagaram para a banca o equivalente a 8,4% do PIB. Para isso, o governo chegou a ter de ir ao mercado endividar-se para ajudar os bancos. Os biliões levados por este sector ficaram em falta pra reforçar despesas do orçamento, como prestações sociais e investimento público, cujas consequências estamos agora a viver.
E é o que temos neste país onde revoadas de abutres pairam serenas no ar.