Outrora, os políticos, etimologicamente cidadãos da polis, eram escolhidos pelas suas competências, probidade, eloquência… E hoje?
Pelo que se vê por esse país fora, a eleição autárquica de Setembro próximo tem-nos apresentado ainda gente de bem, em cada vez mais escassa quantidade, e arruaceiros exibicionistas em grande número.
Nunca senti um grama de atração pela praxis política para além daquela que exerço no contexto da minha cidadania activa. Felizmente que há aqueles que pela política são atraídos como as mariposas pela luz. E de facto, grande parte deles vão aí buscar essa cintilância que os tira da sombra, os projecta à ribalta, mesmo se efemeramente, e, se eleitos, lhes consigna um “poder” nunca antes sonhado. E há muito candidato que, nos seus flébeis egos, dele carece como da côdea para o rilhanço. Estes desvirtuam os outros, aqueles que ainda encontram na assunção e prática política um sentido de missão em prol dos seus eleitores e dos territórios que representam.
Penso mesmo que o clubismo partidário do estilo Benfica, Sporting, Porto, com pessoas civilizadas, nunca deverá ver no outro candidato um inimigo, antes um opositor, alguém com diferentes ideologias, díspar postura e distintas perspectivas de acção, com um comum objectivo.
Quando os candidatos não entendem isso e fazem da sua campanha um odiento e irracional ataque aos seus pares, evidenciam acima de tudo que os motivos que os movem, recobertos de ressentimento e ressabiamento, nada têm a ver com o servir da coisa pública, mas tão somente com a sublimação das suas mais profundas frustrações.