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Paulo Neto
Com as eleições definitivamente agendadas para o dia 26 de Setembro, mau grado a discordância de Rui Rio, que alega as circunstâncias pandémicas para limitar a acção de propaganda eleitoral dos candidatos, o país apresta-se a entrar na “silly season”.
O que é, afinal, isso da “silly season”? Basta ir ao google que nos informa tratar-se de uma “expressão inglesa que designa o período do ano de menor intensidade informativa nos media, geralmente o período de verão. Pode ser traduzida por “estação ridícula”. Nesta altura, os critérios de seleção jornalísticos tornam-se mais flexíveis, passando a considerar como relevantes assuntos que, geralmente, não constituiriam objeto de notícia.”
Ora, ao que parece, os media estão com sorte pois, pelo menos, têm três conteúdos debordantes de “frisson”.
A saber: O caso Joe Berardo e a sua detenção conjuntamente com o seu advogado, André Luís Gomes, ouvido durante oito horas e suspeito dos mesmos crimes dos quais o seu cliente está indiciado, burla qualificada, branqueamento de capitais, falsidade informática, fraude fiscal qualificada, abuso de confiança, descaminho ou destruição de objectos colocados sob poder público e falsificação… é obra!
Escrevo pelas 13H00 e ainda não se conhecem quais as medidas de coacção que Carlos Alexandre determinará.
As trapalhadas do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, proporcionam o segundo grande conteúdo informativo. Esta rábula do veículo que atropelou o funcionário na A6 tem-se recoberto de silêncios e de explicações mal dadas, certo sendo que este ministro tem dado empenhado contributo para cozer em lume brando o governo a que pertence. Ele é a velocidade a que seguia o veículo, ele é a inexistência de registo do automóvel que provocou o sinistro, ele é a controvérsia sobre as obras não sinalizadas, segundo o MAI, que a Brisa veio posteriormente contrariar, ele é um carro que, de súbito se volatilizou, tornando-se quase um mistério de folhetim, ele é… um constrangimento total. Eduardo Cabrita, perante esta catadupa de confusões, que vão das golas inflamáveis, ao SEF, ao caso Zmar, no caso do tratamento do CDS como “o partido naufrago” et all… tinha o dever de colocar o seu lugar à disposição de Costa. A não ser que este, amigo de longa data, lhe impeça o acto. Em boa verdade, este penoso exercício de recorrente martiriologia não tem explicação fundamentada que o sustente.
O terceiro caso prende-se com o reacender da pandemia, agora acolitada por estirpes novas, mais contagiosas, mais resistentes a anticorpos e de mais largo alcance patológico, como a estirpe ou mutação L452R, a variante do Reino Unido, a de África do Sul, a brasileira, a indiana, a N439Y, a S477N, a Delta… e sei lá eu que mais, nesta sucessão de crípticas siglas dos dialectos científicos.
Lisboa e os seus concelhos limítrofes, juntamente com a costa do litoral alentejano, são de momento o epicentro deste recrudescimento pandémico, apesar de a cada dia que passa aumentar o número de vacinados, aumenta agora o número de internados, principalmente oriundos de faixas etárias mais jovens.
O país abre-se e fecha-se ao ritmo de um cruel e imprevisível vírus coadjuvado por imensa inconsciência cidadã. Uns cumprem, outros não. Tal como os proprietários que limpam seus terrenos ficando com um combustível matagal ao lado, de proprietário desconhecido ou alheado do que representa a sua inacção.
Em suma, a estação não está tão “silly” quanto isso e vai manter ocupados repórteres e editores…
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