Bandidos, cobardes e criminosos

Num país onde a democracia triunfa, a corrupção não existe, o compadrio não medre, o mérito não ceda lugar ao amiguismo, a economia funcione com justiça, a justiça aja na proteção dos direitos dos cidadãos, a escola eduque com rigor, a saúde seja para todos, a família cumpra o seu papel… ou seja, num sistema quase utópico, não haveria lugar para prosperarem discursos de ódio, incitamentos à xenofobia, proliferação de marginalidade, surgimento da violência, despontar do ódio.

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  • 10:36 | Segunda-feira, 06 de Fevereiro de 2023
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Bandidos porque atacam em bandos de mais de meia dúzia de indivíduos; cobardes por isso mesmo, por agirem a coberto da noite e encapuzados; criminosos porque agridem e roubam vítimas inocentes.

De modo simplista, é esta a tipologia dos gangues que andam por aí a provocar desacatos em algumas cidades portuguesas.

Também os incêndios a deflagrar em casas/dormitórios de imigrantes, indianos, nepaleses, paquistaneses… carecem de investigações aprofundadas para se apurarem as verdadeiras causas dos sinistros.


Começa a desenhar-se uma linha analógica com as sinistras ocorrências na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini, a poder dar razão à teoria da repetição da História.

Porém, a fazer fé nesta temível tese, o fim destas duas citadas e macabras figuras evidencia inequivocamente a falência dos seus sonhos, dos seus ideais, dos seus objectivos. Não obstante, na sua esteira, deixaram milhões de mortes e um cenário de destruição apocalíptico.

Se estudarmos o porquê das causas que viram emergir estes efeitos – que, naturalmente, não caem do céu em dia invernoso – percebemos que, em geral, a Europa e no concreto, Portugal, se puseram a jeito para o reaparecimento destes profetas da desgraça.

Num país onde a democracia triunfa, a corrupção não existe, o compadrio não medre, o mérito não ceda lugar ao amiguismo, a economia funcione com justiça, a justiça aja na proteção dos direitos dos cidadãos, a escola eduque com rigor, a saúde seja para todos, a família cumpra o seu papel… ou seja, num sistema quase utópico, não haveria lugar para prosperarem discursos de ódio, incitamentos à xenofobia, proliferação de marginalidade, surgimento da violência, despontar do ódio.

Quando o sistema falha, e seria preciso dilucidar e perceber porquê, a semente está lançada. Resta proceder à colheita.

 

(Fotos DR)

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Publicado em Editorial