Conheço muitos autarcas. Há os que admiro e os que me merecem quase asco. Na minha singularidade cidadã a tal tenho direito.
Pela atenção que coloco na análise crítica da actuação de muitos deles vou perceptibilizando alguns dos leitmotivs subjacentes ao seu agir.
Há autarcas dignos da maior admiração. Gente que todos os dias, empenhadamente, vive para os seus concelhos e para os seus munícipes. Com parcos orçamentos e escassos recursos fazem milagres. São capazes de ir ao fim do mundo para atrair investimento, para gerar riqueza, para chamarem pessoas para o seu território. Autarcas simples, dignos, com espírito de missão e com a única missão de servirem quem os elegeu… tarefa por vezes tão árdua, alguns com heranças de pesadas dívidas de gestões anteriores, mas sempre, quotidianamente, da alvorada ao sol posto numa férrea labuta pelo seu Concelho, tantas vezes incompreendida.
Gente que do protagonismo pessoal, por vezes psicoticamente doentio, faz sua estratégia de actuação. Que da falácia e da ficção faz seu estandarte. Autarcas que todos os dias, na mais despudorada hipocrisia, fazem manguitos aos seus eleitores para quem reservam, de 4 em 4 anos um fortuito e efémero carinho muito especial, no período que antecede ao sufrágio.
Há ainda os outros autarcas. Aqueles que passam pelo mandato sem ninguém por eles dar. Nem pela positiva nem pela negativa se destacando. Amorfos, apáticos, cinzentos na gestão corrente de um quotidiano sem esperança, sem ideias, sem presente, sem futuro.
Há concelhos felizes por terem autarcas fantásticos. E há os outros, mandatos inteiros arrastados no miserabilismo da indignidade todos os dias praticada.