Confrangedor o espectáculo a decorrer na Assembleia da República em torno da aprovação do OE e do apoio ao NB, com a política a baixar a níveis raramente vistos
O lugar onde se deveriam apresentar e resolver os grandes problemas da Nação tornou-se numa arena onde se digladiam acesamente inimigos ávidos de uma triunfo, mesmo que esta seja uma derrota para os portugueses, em geral.
Deputados a saltaricar incoerentemente de sim para não e de não para sim. Grupos parlamentares em busca de uma vitória, mesmo que seja a de Pirro.
Vinganças ziguezagueantes a nortear sentidos de voto. Não me aprovas o orçamento eu chumbo-te as propostas. Aprovas-me o orçamento e eu apoio as tuas propostas. Aliados de ontem inimigos de hoje. Um carrossel…
Uma saracoteada dança feita atrás das máscaras em rostos onde só brilha o gáudio da confusão acalentada.
Hoje, o governo está refém da boa vontade de pequenos grupos parlamentares, cativo das boas graças de uma ou outra deputada independente (?).
E ainda nós criticamos um Donald Trump por querer a todo custo ganhar o que perdeu, por querer contra tudo e todos inviabilizar o reconhecimento e a tomada de posse de Joe Biden…
Uma nova era se inaugura na política, na qual mais do que nunca os fins justificam os meios, como escrevia o poeta romano Ovídio na sua obra “Heroide”, muito antes de Maquiavel sonhar existir.