Assembleia da República ou Coliseu romano?

Vinganças ziguezagueantes a nortear sentidos de voto. Não me aprovas o orçamento eu chumbo-te as propostas. Aprovas-me o orçamento e eu apoio as tuas propostas. Aliados de ontem inimigos de hoje. Um carrossel...

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  • 16:05 | Quinta-feira, 26 de Novembro de 2020
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Confrangedor o espectáculo a decorrer na Assembleia da República em torno da aprovação do OE e do apoio ao NB, com a política a baixar a níveis raramente vistos

O lugar onde se deveriam apresentar e resolver os grandes problemas da Nação tornou-se numa arena onde se digladiam acesamente inimigos ávidos de uma triunfo, mesmo que esta seja uma derrota para os portugueses, em geral.

Deputados a saltaricar incoerentemente de sim para não e de não para sim. Grupos parlamentares em busca de uma vitória, mesmo que seja a de Pirro.


Vinganças ziguezagueantes a nortear sentidos de voto. Não me aprovas o orçamento eu chumbo-te as propostas. Aprovas-me o orçamento e eu apoio as tuas propostas. Aliados de ontem inimigos de hoje. Um carrossel…

Uma saracoteada dança feita atrás das máscaras em rostos onde só brilha o gáudio da confusão acalentada.

Hoje, o governo está refém da boa vontade de pequenos grupos parlamentares, cativo das boas graças de uma ou outra deputada independente (?).

O Orçamento de Estado para 2021 ao que se viu, ao invés de ser um documento fundamental para o país, até e pelos tempos de excepção vividos, não é mais do que um instrumento revanchista nas mãos de alguns para marcar agenda política, para obter dividendos políticos, para obstaculizar a uma acção governativa, no fundo para tentar deitar abaixo um governo e poder apresentar-se como alternativa de poder, mesmo se essa “conspirata” possa ser ou não altamente negativa para todos nós.

E ainda nós criticamos um Donald Trump por querer a todo custo ganhar o que perdeu, por querer contra tudo e todos inviabilizar o reconhecimento e a tomada de posse de Joe Biden…

Uma nova era se inaugura na política, na qual mais do que nunca os fins justificam os meios, como escrevia o poeta romano Ovídio na sua obra “Heroide”, muito antes de Maquiavel sonhar existir.

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