A História, apesar de termos tido outrora um pioneiro como Fernão Lopes e nomes como João Mattoso e Fernando Rosas, entre outros, na actualidade, foi durante séculos um ió-ió ao sabor dos hábeis mestres da política de circunstância e da conveniência.
Confesso que descobri há pouco tempo o grande jornalista e escritor Eduardo Galeano que, em Portugal, vem a ser editado pela Antígona. Depois de se ler a primeira obra, torna-se quase imperioso ler todas as obras dele publicadas entre nós. “Inimigo da mentira e da indiferença”, este uruguaio falecido em 2015, “revela-nos, nesta história de que não reza a História, retratos corajosos de desobediência e as insurreições e a grandeza dos mais fracos”.
Falo da obra “Espelhos – Uma História quase Universal”, que considero de leitura obrigatória, na minha perspectiva pessoal, desta “Volta ao mundo em seiscentos relatos”, onde surgem e ecoam os “invisíveis e os sem voz”.
Com a devida vénia e para vos estimular a atenção, deixo aqui um extracto intitulado “Fundação da Universidade” que diz respeito à primeira universidade brasileira e à verdade não ficcionada da sua criação…
As narrativas ficcionadas são isso mesmo. Verosímeis sem ser verdadeiras. Às vezes, na autarquia viseense, também aparecem umas narrativas a estas semelhantes. Ou então, serão histórias mal contadas, privadas dos seus pormenores que lhes confeririam a justa verdade factual que, à sua falta, nos são contadas com oportunidade circunstancial e alguma ficção à mistura.
Falar do lixo em Viseu tornou-se uma rábula cansativa e gasta. Existe em demasia para tanta e tão apregoada “qualidade de vida”.
Talvez mal contada seja a existência, há meses, de “ilhas ecológicas“, com contentores embrulhados ainda no papel original, como a fotografia retrata, num mero exemplo de entre vários, aqui, em Marzovelos, Viseu.
Talvez o Planalto Beirão tivesse algo a contar, mas discretamente cala-se. Mas mais teria talvez a multinacional espanhola Ferrovial, S.A. a dizer. Também os técnicos, que se poderão ter equivocado nalguns centímetros dessas ecológicas ilhas, o suficiente para inviabilizar aos camiões MAN o serviço de recolha, esses mesmos que até estiveram ostensivamente expostos no largo do Rossio…
Ou seja, se toda a verdade nos fosse contada, talvez percebêssemos melhor o modus operandi – que se torna negativamente repetitivo – e entendêssemos que todo o esforço e propaganda desse esforço, esbarra assaz frequentemente numa obstativa inépcia inviabilizadora do “fazer bem”.
Porquê? Boa questão…
Paulo Neto