Já aqui escrevemos que há pessoas as quais, sem o arrimo e esteio do poder, não são ninguém. Ou melhor, não passam de cidadãos vulgares de Lineu, cinzentos, apagados e iguais a muitos milhões de outros por esse mundo fora.
Por isso, conscientes de que o exercício do poder público lhes concede inúmeras mordomias, arbítrio e alçada real sobre os outros e sobre as circunstâncias, holofote mediático e veneração, todos se encarniçam para o obterem ou nunca o deixarem.
Aconteceu com Donald Trump. Acontece com Jair Bolsonaro. Acontece com Vladimir Putin, etc., etc., etc.
Nos EUA onde o FBI, polícia do Departamento de Justiça, de investigação e serviço de inteligência interna, foi superiormente incumbido pelas autoridades judiciais de fazer buscas numa das mansões do ex-presidente, em busca de documentos “classificados” e irregularmente tirados da Casa Branca, Trump, que sempre se creu acima de qualquer lei, impune e imune a todas as regras e normas vigentes e regentes, em casa de quem se encontraram “arrecadados” milhares de documentos em dezenas de caixas propriedade do Governo Norte Americano, desencadeou, como é de seu timbre e tom, mais uma campanha de apelo ao ódio, dizendo-se vítima de uma caça às bruxas.
Vítima é o papel que ele melhor sabe representar sempre que a verdade dos factos lhe é adversa ou não se sujeita às regras democráticas.
Aquando das últimas eleições, ciente da derrota, apelou à violência e o resultado foi a invasão do Capitólio com mortos e feridos daí resultantes.
No Brasil, o seu discípulo e adepto Jair Bolsonaro, a escassos dias das eleições de 2 de Outubro (1ª volta), nas quais se confronta com seu émulo Lula da Silva, face às mais recentes sondagens de finais de Julho que dão a Lula da Silva 47% contra 29% a Jair Bolsonaro, tem levado ao recrudescer do discurso do ódio, da violência e da vitimização por parte deste último.
Afinal, parece estarmos perante governantes inconformados com as decisões populares, avessos à democracia quando esta lhes é desfavorável e aos seus intentos, incipientes déspotas admiradores dos métodos de Putin para a perpetuação no poder. No poder que só a força, a repressão, a opressão, a censura e até a supressão permitem sem qualquer legitimidade que não o da desrazão, da violência e da despudorada mentira.
(Fotos e cartoon DR)