As "chico-espertices" de um executivo dado à "ronceirice"

É grande o poder da comunicação do aparelho “sobradístico” na CMV. Aliás, repito aqui a frase do “patrão” Almeida Henriques, por aí publicada: “Quem não comunica não existe.” Também possível de conjecturalmente ser descodificada como: é pelas palavras e não pela obra que actuo…, como se de um jesuíta pregador se tratasse. Pois bem, como […]

  • 12:49 | Sábado, 04 de Maio de 2019
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É grande o poder da comunicação do aparelho “sobradístico” na CMV. Aliás, repito aqui a frase do “patrão” Almeida Henriques, por aí publicada: “Quem não comunica não existe.” Também possível de conjecturalmente ser descodificada como: é pelas palavras e não pela obra que actuo…, como se de um jesuíta pregador se tratasse.

Pois bem, como nos de má-memória despóticos regimes e nos regimes de hoje fundados na ficção e na falácia, este executivo refinou-se nesta “arte”, com finas e crescentes subtilezas na técnica do linguarejar vazio.

A Comissão Nacional de Eleições proibiu, neste período pré-eleitoral, a nível nacional e obviamente também à CMV, a afixação de cartazes acerca de obras, do tipo: remodelação dos fundos do Banco de Portugal (à volta de 200 mil euros) para instalar o “escritório” do vereador da cultura-turismo-e-não-sei-que-mais.


Aliás, anúncios destes, nascem em cada esquina, pena sendo que o anunciado tanto tarde a ver a luz, se é que algum dia a verá.

“Vivemos no interior do acto do discurso”, escreve Steiner *. E de facto, honra seja feita, esta asserção foi bem assimilada pelos propagandistas do Eldorado.

Todavia, é bom não esquecermos, (re)citando Steiner: “Que outras coisas, além de meias-verdades, poderão, com efeito, ser comunicadas a essa audiência de massas semiletradas que a democracia populista reuniu em torno dos mercados? Só através de uma linguagem diminuída ou corrompida a maior parte dessa comunicação pode aspirar à eficácia.”

Voltando à questão… interditados de propagandear as obras do regime, esta “maltesia” pouca consentânea na aceitação de contrariedades, mesmo que seja uma Lei geral nacional, agarra-se à chicana humorística, cobrindo os ditos cartazes, com novos cartazes onde referem que a “obra municipal – em curso – não pode ser publicitada”.

“Life is a joke”… pelo menos para alguns a quem os dinheiros esbanjados, sendo dos munícipes e não lhes saindo dos bolsos, nada custam a deitar janela fora, em brincadeiras de duvidoso gosto, parca eficácia e muito cinismo.

Provavelmente, as desmesuradas verbas que este Executivo já despendeu em rábulas deste género, a alardear com muita prestidigitação o que não fez, dariam para concretizar muitas obras, numa cidade, como escreve o Fernando Figueiredo na Rua Direita, “cada vez mais ao Deus dará.”

*(Linguagem e Silêncio” – Gradiva)

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