Aluna destapada vs. aluna tapada

É evidente, como dizia Anaïs Nin, que “cada um vê o que tem dentro da cabeça”. O docente viu, provavelmente indecência num corpo que considerou “destapado” e, vai daí, em nome dos sãos princípios de há séculos, na sua autoridade de “magister”, terá julgado indecoroso o jovem corpo, pela “carne” que à sua atenta vista revelava. E terá ficado perturbado ou terá tido receio de se perturbar pelo "exposto" e à vista...

  • 10:53 | Quinta-feira, 08 de Julho de 2021
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Mais um caso polémico ocorrido numa faculdade de Direito, em Portugal.

Desta feita, a cena passou-se na FDUP e com uma discente (aquela que recebe) a quem um docente (aquele que dá) recusou entregar um exame por achar que a aluna estava “muito destapada”.

Não sabemos o grau do destapamento. Iria em fato de banho? Ou apenas com uns lúbricos calções, sensual top e voluptuosas chinelas?


É evidente, como dizia Anaïs Nin, que “cada um vê o que tem dentro da cabeça”. O docente viu, provavelmente indecência num corpo que considerou “destapado” e, vai daí, em nome dos sãos princípios de há séculos, na sua autoridade de “magister”, terá julgado indecoroso o jovem corpo, pela “carne” que à sua atenta vista revelava. E terá ficado perturbado ou terá tido receio de se perturbar pelo “exposto” e à vista…

Esta história, numa Faculdade de Direito, onde se estudam leis e se preparam jovens para num futuro administrarem isenta e recta justiça é propiciadora de três questões.

Como são escolhidos os professores das faculdades de Direito deste país? Provavelmente pelo seu mérito. Será?

Como é avaliada e monitorizada a sua prática docente? Provavelmente pelos resultados de sucesso obtidos. Será?

Um professor carece de conhecimentos científicos para transmitir conhecimento. Mas também da adequada pedagogia e didáctica, que é a arte de ensinar. Terá a maioria tal fundamentado saber?

Ao chocado docente, pelo alarde mediático que o caso despertou, terá sido instaurado um processo de averiguações. Pois sim. Irão ser ouvidas as partes e as testemunhas. Óptimo. Até se pode fazer uma peça processual de muita jurisprudência para perceber o conceito de “muito destapada”. Talvez não usasse burka, ou não viesse de tailleur azul escuro com camisa imaculadamente branca. Talvez. Este conceito de destapar e de tapar é estranho, é bizarro, é até misógino. Afinal se o corpo ia destapado, o que é um corpo tapado? Ó senhor professor, explique-se lá…

As direcções das faculdades de Direito deste país decerto funcionam segundo normas, estatutos, preceitos legais… Decerto. Este caso, pelas repercussões mediáticas, levou a um célere agir. E aqueles que não têm tal holofote?

Todos nos lembramos de ter professores autocratas. Eu lembro-me de alguns na FLUC e na FLUL. Mas também me recordo das muitas histórias, nos anos 70 e 80, acerca de alguns “famosos” e “façanhudos” docentes da FDUC…

Mas isso foi há meio século. Ou não?

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