As croniquetas semanais de António Almeida Henriques no CM já começam a fazer parte do anedotário nacional.
Aquele que teve oportunidade de integrar um governo PàF como secretário de Estado-de-qualquer-coisa-importante, aquele que nada fez em prol de Viseu, ergue-se agora ribombante, qual Adamastor, contra tudo que o actual governo faz e não faz.
Há duas semanas, num naco saboroso intitulado Titanic, declamava : “Um governo e uma política de vistas curtas, que se limita a uma estratégia de pura manutenção do poder, conduzem um navio no sentido do icebergue.” De seguida, para fazer agenda, preocupa-se com a crise da natalidade – ele que todas as semanas dá para um “peditório” – para verter seguidamente ejaculatórias deste precioso nível retórico: “Enquanto nação, toleramos pacificamente a nossa morte a prazo” para culpar o Governo, cujas respostas “são um silêncio ensurdecedor”. Acaba a patética peça com esta cereja a coroar o bolo: “Nota final para elogio justo a este jornal e ao seu director, que têm sido militantes persistentes da causa da natalidade.”
Não sabemos qual a descendência de Octávio Ribeiro, conjecturamos pois que há-de ser numerosa…
Ou então, passando umas páginas à frente da mesma edição do jornal, na secção de “sexo à venda” ou numa página inteira dedicada a “club meetings” que vende “bonecas insufláveis” a 35 €, “bull power” a 20 €, “taurix extra forte” a 25 €, “estimulador vibratório de próstata “ a 40 €, “anel vibratório para o pénis em silicone”, a 27 €… e mais uma dezena de brinquedos interessantes e para todos os sensacionais gostos, percebamos que poderia ser este o factor X da “militância persistente da causa da natalidade.”
Nem nos atrevemos a duvidar da eficácia destas mirabolantes soluções para tão grave e delicado assunto da “ininterrupta hemorragia demográfica”.
Na semana seguinte, o “porta-voz de Portugal”, Almeida Henriques, ataca com os “10 000”, que são os subscritores da “Petição Pública pela Requalificação do IP3. Não Podemos Esperar Mais!”.
É evidente que todos nós apoiamos esta causa, mas vir agora este autarca, sempre em bicos de pés, com esta agenda de visibilidade, ele que nunca a ousou quando passou pelo Governo de Passos Coelho, afirmar “É uma manifestação de repúdio pelo incumprimento sistemático das obrigações dos poderes públicos, na protecção das populações e no desenvolvimento económico das regiões, especialmente do interior”, é caso para reiterar “É preciso ter lata!”.
Este homem é um visionário futurista a quem tarde veio o grande alcance do horizonte infinito de medidas políticas a implementar.
Na falta delas para a autarquia que comanda, na tibieza do seu 2º mandato autárquico sem nada para mostrar de substantivo, Almeida Henriques, investido de quase onírico primeiro-ministro, tem solução para tudo. Tarde é o que nunca vem e aquele que quando pôde ver não viu, nesta miraculosa descoberta da visão perdida e da Luz, é um autêntico milagre de Fátima. A canonizar com urgência…
Evidentemente que esta histriónica actuação terá como objectivo dar nas vistas e dizer ao “boss” Rui Rio:
Eu existo, eu estou aqui, eu sou a Voz, eu sou a Ideia, eu sou ministeriável… Há dúvidas?
Não. Há indivíduos feitos para o mundo global que não podem cingir-se à estreiteza da governança de um Concelho como Viseu…
Entretanto, este tipo de atitudes ou fanfarronices, mais do que beneficiar Viseu, muito contribuirá para a prejudicar. Mas isto é outra conversa à qual em breve voltaremos.