O presidente da autarquia viseense parece sonhá-las de noite para as proferir de dia, provavelmente andará a ler a boa ficção de Júlio Verne…
E não há melhor do que acordar num domingo soalheiro com o pensamento infra citado, logo na rede social partilhado, o qual, no nosso humilde entendimento, não é senão mais um naco saboroso de feérico movimento urbano na cabeça do pensador:
A mobilidade suave, peça importante do MUV – Mobilidade Urbana de Viseu, começa a dar passos em Viseu, com a adjudicação da primeira fase de execução da ciclovia da cidade, por um valor aproximado de 580 mil euros.
Com um prazo de execução de 210 dias, esta empreitada visa a construção de um troço com uma extensão de 5,7 km, estruturando eixos preferenciais de mobilidade e definindo pontos de intermodalidade com outros transportes públicos e de acessibilidade aos principais equipamentos e infraestruturas da nossa cidade.
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A mobilidade suave (?); a mobilidade urbana; os eixos preferenciais de mobilidade (?); os pontos de intermobilidade (?)… para a acessibilidade aos principais equipamentos (?) e infraestruturas da nossa cidade (?) …
Este linguarejar “pós-poético”, como todos aqueles a quantos nos habituou, centrado no rumor da palavra, mas vazio de conceito, é recorrentemente projectado num provir optimista – pois estamos perante um autarca futurista, a tentar apagar com retórica “ilusionada” o fracasso dos seis anos passados e o presente do seu mandato – naquele “mixt de dialecto tecno-politiquês” que, amputado de muletas semânticas, é somente o discurso do redondo e do oco.
Este edil abre a boca e ligeiras saem esbaforidas umas centenas de milhares de euros. Aqui e no concreto afirmado, 580 mil – um pouco mais de meio milhão – para 5,7 quilómetros de um troço de ciclovia. Ou seja, mais de 100 mil cada quilómetro.
E anda comedido, pois nos seus tempos de secretário de Estado de já não nos lembramos do quê, cada vez que falava, projectava no infinito imaginário centenas de milhões…
O projecto “Começa a dar passos”, escreve ele… provavelmente em marcha atrás, pensamos nós.
Paulo Neto