Almeida Henriques descobre "O folclore como ciência do Povo"

  Almeida Henriques descobriu este ano, o Folclore e o Povo. Tarde é o que nunca vem… Depois de passar mais de meio mandato centrado no vinho, agora, para dar fé à máxima, deveria consagrar-se ao Fado, pois se “o vinho induca o fado instrói”. Porém, como de fadistas apenas o célebre Hilário tivemos, agora […]

  • 11:10 | Quinta-feira, 08 de Março de 2018
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Almeida Henriques descobriu este ano, o Folclore e o Povo. Tarde é o que nunca vem…

Depois de passar mais de meio mandato centrado no vinho, agora, para dar fé à máxima, deveria consagrar-se ao Fado, pois se “o vinho induca o fado instrói”. Porém, como de fadistas apenas o célebre Hilário tivemos, agora ao esquecimento votado, virou-se para as danças folclóricas. E muito bem, provavelmente estaria cansado da elitista cultura dos festivais literários de tinto e branco ou vice-versa, onde, para gáudio de alguns (poucos) se ouviu perorarem os “fernandos pessoas” da Nação. E vai daí, o seu “fâmulo” foi ao mapa de eventos internacionais e descobriu vago o “Europeade”, diz ele “o mais importante e antigo festival de folclore da Europa” e toca de o importar para Viseu. Fomos ver de que se trata:
Europeade is an independent annual meeting of 5,000 people involved in folk dance and music from all over Europe.  We meet for a week in summer every year, often in a new city in Europe, old friends and new groups together.  We show our dances in displays in large arenas and in the streets of the city, and hold a ball, a parade, and an oecumenical service.  Groups dance, sing and play their music in costume throughout the city all day and all night!  We share our regional culture with the local inhabitants and each other.
Parece-nos muito bem… Seguidamente, passeámos pelo recém-criado site camarário, para esta temática, que acrescenta:
Europeade Viseu 2018
Viseu é a cidade no coração de Portugal que está sempre pronta para receber quem nos visita.
É um destino de muitos atributos onde encontrará um mix de ofertas que se completam para lhe proporcionar uma experiência feliz.
Entre paisagens vinhateiras de perder de vista, jardins coloridos e parques para relaxar, encontrará ruas de história, monumentos imponentes e uma oferta gastronómica que harmoniza na perfeição a tradição e a inovação.
Em Viseu, há uma agenda de eventos imperdível, 365 dias por ano. Por aqui passam “street art” e literatura, muita música, dança e teatro, e os prazeres irresistíveis dos vinhos do Dão. Também a Feira Franca mais antiga da Península Ibérica faz parte da nossa agenda há 626 anos: é a Feira de São Mateus.
Os acessos rápidos fazem desta uma cidade apetecível para turistas e investidores. A pouco mais de uma hora do Aeroporto Internacional do Porto, Viseu está a duas horas da fronteira com Espanha e a menos de uma hora da praia. A oferta hoteleira de qualidade convida a estadias prolongadas na cidade-região.
Viseu é uma cidade criativa e feliz. São mais de 100 mil os habitantes que fazem desta a melhor cidade para viver.
Em 2018, somos “Cidade Europeia do Folclore” e trazemos às ruas as nossas tradições, identidade, danças e património. Conheça as nossas tradições e surpreenda-se com a efervescência dos nossos talentos. “Bem-haja” é a saudação que melhor caracteriza Viseu e com ela deixamos o convite para dançar e celebrar a melhor cidade para viver e para visitar!
A si, que nos visitará na 55ª edição da Europeade, de 25 a 29 de julho de 2018, prometemos-lhe um palco soberbo e a certeza de que esta será uma edição muito especial da Europeade.
 
Ficámos quase esclarecidos e, como Chico Buarque da Holanda, entoámos: Foi bonita a festa, pá!
Cá iremos ter, diz o edil, mais de 5 mil participantes de 28 países… Venham eles, sempre animam o burgo durante 4 dias. Depois vem de agenda a Feira de S. Mateus e, até meados de Setembro está o divertimento garantido. Ainda não sabemos quanto vai custar ao erário público, que o mesmo é dizer, aos munícipes/contribuintes, que essas coisas são segredos de Estado. Temos apenas a certeza que as centenas de milhar de euros despendidas terão retorno para alguns, hotelaria e restauração não se poderão queixar. Aos outros… aos outros acontecerá como no tocante ao vinho: ganharão 2 ou 3 centos de privilegiados num total de 100 mil habitantes do concelho, a ver passar a procissão.
Para sustentar a sua eloquência de três vinténs, Almeida Henriques arranjou um conteúdo novo: “Falta hoje uma política nacional para a cultura popular e para o património imaterial.” E deste modo, este autarca que dobrou o Bojador e recém descobriu o Povo da sua Terra, aquele mesmo que acha que os baldios serem desse mesmo Povo é “imoral”, telúrico, se entorgou neste “neo-peditório”, nesta nova retórica-da-treta-e-meia.
E de descoberta em descoberta, mudando a agulha em função do circunstancialismo de momento, sai-se com mais esta pérola, a pensar no brainstorming constante oriundo do Rossio: “A cultura não é nem pode ser o feudo de uma elite citadina e erudita com laivos de superioridade intelectual”…
Será que essa elite é ele, o Sobrado e mais meia dúzia de iluminados serviçais?
Ainda escreve umas “tretas” (já costumeiras) sobre descentralização, mas depois, a interioridade colide com esta “jóia”:
Os acessos rápidos fazem desta uma cidade apetecível para turistas e investidores. A pouco mais de uma hora do Aeroporto Internacional do Porto, Viseu está a duas horas da fronteira com Espanha e a menos de uma hora da praia. A oferta hoteleira de qualidade convida a estadias prolongadas na cidade-região.
Que nos falta então, neste Eldorado ou terra Prometida?
Lembram-de daquele grande homem a quem perguntaram porque não seguia ela a carreira política? E ele respondeu: “Tenho todas as qualidades, mas faltam-me os defeitos”. Aqui, parece-me que temos o inverso, mas se o Rei vai nu, diz a história que o único que não o lobriga é o próprio “pelado”…
O Povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem portugueses, só vos faltam as qualidades.” Escrevia o nosso Almada… decerto já a pensar na elite do Rossio.
E porque queremos dar um ar de elitista erudito, não citamos Karl Kraus como o edil, nesta bela paráfrase: “uma muleta com que o coxo bate no são para lhe mostrar que também a ele não faltam as forças” — sinceramente, nesta rábula nem percebemos bem, decerto por deficiência nossa, quem é o “coxo” e quem é o “são”… e pesquisámos no WC* que tem frases para todos os contextos e situações, fomos à net e escolhemos esta, que parece ter sido escrita para descrever a política autárquica deste “nosso” edil:
O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo.” –  *W. Churchill.
 
(Fotos DR)


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