A ministra da Justiça anda tão abalada com o caos em que “pôs” a casa que, o seu próprio aspecto começa a denotar a imagem viva do desespero obstinado pré-depressivo.
Intentou a ministra fazer a maior reforma dos últimos 200 anos. Louvável. Fechar tribunais, alterar o mapa judiciário, reduzir o número de processos pendentes, agilizar a Justiça, poupar dinheiro, cortar no pessoal, ser eficaz e eficiente.
Até ao momento, destes oito itens, apenas teve sucesso no primeiro… Fechou, de facto, uma série deles.
O tal Citius é o seu pesadelo. Mas mais do que um pesadelo político é um pesadelo judicial-social.
Hoje, com a inoperância técnica deste programa informático, há 1,2 milhões de processos a aguardar solução, a qual não se sabe quando surgirá; há centenas de milhares de processos a atingir o prazo de prescrição; há uma desastrada interferência do poder político no poder judicial; há milhões de euros de danos e prejuízos causados, a pobres, a remediados, a ricos e ao próprio Estado; há uma condenação internacional, por parte do Tribunal europeu deste estado de sítio…
Mas há mais, há milhares de cidadãos que gastaram milhares de euros em justiça, com advogados, com custos judiciais, com documentos, com deslocações, etc. e que agora, nem vêem os seus milhares gastos e, quanto à Justiça — direito irrefragável de um Estado democrático — vêem-na por um canudo. Quem os indemniza? O Ministério da Justiça?
Ontem, na televisão, um deputado com ar de “boa pessoa” e nome de viaduto, falava em “boicote”. De quem? Pena ter levantado a suspeição e não a ter consubstanciado com nomes.
Há dias — e isto se não fosse trágico soaria a anedota — dois arquitectos foram ao Campus Judiciário de Lisboa testar a solidez do soalho de alguns pisos para concluir, que nalguns locais, havia mais de 400 quilos de processos por metro quadrado, ou seja, estaria ultrapassado o limite de resistência do material…
Toneladas de Justiça atrasada, no chão e em vias de ruir. Que imagem tão pouco digna!
E a ministra, o rosto responsável? Além de passar, decerto de 2 para 4 xanax/noite,mantém-se, duradoira e obstinada até ao colapso final? Entretanto pensa aumentar o salário dos magistrados, soube-se ontem. Nem ousamos pensar que é para “comprar” silêncios… Mas temos o direito de perguntar: porquê agora?