A Rússia, Estado terrorista?

Os EUA não são novatos nesta matéria e países como Cuba, a Coreia do Norte, o Irão, a Síria… já foram alvo desta sanção, considerando-os Estados patrocinadores de actos de terrorismo internacional. No fundo, uma política de marginalização e de atribuição do temível estatuto de párias mundiais.

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  • 9:58 | Segunda-feira, 15 de Agosto de 2022
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Este conceito subiu agora à ribalta política após se ter desencadeado um movimento internacional capitaneado pelos USA para declarar a Rússia como um “Estado patrocinador do terrorismo”.

Mas afinal, que significa tal “catalogação”? Um Estado patrocinador do terrorismo (e nesta matéria os EUA não são nenhumas virgens impolutas) é uma entidade política que se serve da violência e da força contra outros Estados intentando intimidar ou obrigar a aceitar, repressivamente, a sua ideologia e a sua dominação visando uma estratégia de imperialismo expansionista, a consolidação da invasão de outro país ou a perpetuação no poder no próprio país.

Se os EUA conseguirem fazer aprovar esta sanção pela comunidade internacional, a Rússia ficará em maus lençóis, pelo impacto económico acrescido que carreia na redução total de trocas comerciais, interditando as exportações, os créditos, as garantias, as ajudas financeiras, a venda de armamento e munições, etc.


Os EUA não são novatos nesta matéria e países como Cuba, a Coreia do Norte, o Irão, a Síria… já foram alvo desta sanção, considerando-os Estados patrocinadores de actos de terrorismo internacional. No fundo, uma política de marginalização e de atribuição do temível estatuto de párias mundiais.

Ao ser designada como Estado patrocinador do terrorismo internacional, a Rússia deixaria de receber produtos vindos de fora e deixaria de poder vender para fora os seus produtos. Ademais, tal estatuto recairia obstativamente sobre todos os governos com quem a Rússia ainda mantém relações comerciais, principalmente em matéria de defesa, retirando-lhes o direito às relações comerciais com os EUA, compelindo as empresas internacionais dos países signatários desta sanção a porem fim a quaisquer compromissos com a Rússia. Verdade sendo que as grandes empresas temem ser vistas como “parceiras” de países apadrinhadores ou comanditários do terrorismo, incitando ainda a possibilidade e a capacidade de apreensão de bens no estrangeiro e de litígios judiciais nos tribunais norte americanos.

No fundo, uma medida profundamente punitiva que despojará a Rússia de qualquer imunidade judicial no estrangeiro, paralisando a sua capacidade de operar no estrangeiro o que provocará mais danos e consequências que todas as medidas até agora infligidas.

Por seu turno e perante esta palpável ameaça, a Rússia veio afirmar através do ministério dos Negócios Estrangeiros que esta é “uma posição estúpida que não ficará sem resposta”, acrescentando “Responderemos a todas as medidas tomadas por Washington e mesmo àquelas que são de natureza insensata”, afirmou a porta-voz Maria Zakharova.

Aliás, o Kremlin, perante a eventualidade da implementação desta medida afirma perentoriamente: “Considerar a Rússia como um ‘padrinho do terrorismo’ é uma posição americana estúpida que terá a adequada resposta.”

Estúpida ou não, certo é que a sua possibilidade faz a Rússia temer a inevitabilidade das suas consequências, deixando-a de costas voltadas para a grande maioria dos países mundiais e apenas limitada ao relacionamento político e económico com um punhado reduzido de outros Estados.

 

 

(Fotos DR)

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