A pandemia da intolerância

Como desmascarar os titerineiros das supremacias étnicas, religiosas e ideológicas? Aqueles que não aceitam a diferença e nunca entenderam que ela é, na sua pluralidade, o esteio e a base da riqueza social e antropológica?

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  • 13:11 | Sábado, 15 de Agosto de 2020
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Venturosos são os filhos de um tempo em que, enfim e afortunadamente, cada vez mais são os lúcidos cidadãos conscientes de seus direitos.

Só uma criatura deles conhecedor é capaz de os respeitar para si  e para os outros e do inconformismo que o leva à luta contínua para os preservar, no íntegro respeito pela Constituição e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos que lhos consignaram.

Para isso foram necessários séculos de porfiadas pugna, imensos sacrifícios, muitas penas, mais castigos…


Por vezes, aqui e ali, surgem aqueles que, estribados nesses direitos pelos quais não lutaram, deles se apossam com tão pleno quão duvidoso poderio, todavia esquecendo e fazendo tábua rasa dos deveres que tais direitos carreiam.

Têm a liberdade, mas não a querem de igual modo para todos.

Falam muito de igualdade, mas somente e apenas para os eleitos da sua tribo e os privilegiados da sua casta.

Quanto à fraternidade, usam-na como bandeira, fundamento e credo de facções e seitas restritas auto erigidas num eugenismo e arianismo tão cíclico quanto fatal e cimentado com o sangue de milhões de inocentes vítimas.

E porém, como impor-lhes, em Democracia, a aceitação dos seus deveres quando só clamam por seus elitistas direitos?

Como desmascarar os titerineiros das supremacias étnicas, religiosas e ideológicas? Aqueles que não aceitam a diferença e nunca entenderam que ela é, na sua pluralidade, o esteio e a base da riqueza social e antropológica?

Como alertar a consciência colectiva, cada vez mais alheada e acrítica, para a cavilosa fraude e o sofisma edulcorado da retórica dos profetas da desgraça, ódio e desrazão?

As más classes dirigentes, de todos os espectros políticos vigentes, viciadas e acomodadas nas suas doiradas sinecuras, deram-lhes voz e concederam-lhes palco à difusão tonitruante do seu triunfalismo populista.

Estes são os filhos bastardos daqueles, gerados das vis práticas e, em derradeira instância, o rosto hipócrita da sua culpa e punição.

Infelizmente, essa punição é colectiva e não dirigida aos procriadores, aqueles que mais falharam, pagando todo um povo e uma nação pela sua mais que indigente, abusiva e lesiva acção.

 

 

 

 

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